Economia

Comitê de Avaliação da Receita analisará novos parâmetros

O relator-geral do Orçamento de 2017 destacou que as relatorias têm adotado números "conservadores

Real: por enquanto, o Orçamento conta com R$ 10,15 bilhões de receitas com repatriação em 2017

Real: por enquanto, o Orçamento conta com R$ 10,15 bilhões de receitas com repatriação em 2017

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de novembro de 2016 às 14h44.

Brasília - O relator-geral do Orçamento de 2017, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), afirmou nesta quinta-feira, 24, que o Comitê de Avaliação da Receita deve analisar os novos parâmetros para a economia no ano que vem e decidir se é preciso ajustar as projeções de arrecadação que constam no documento.

Desde já, contudo, Braga destacou que as relatorias têm adotado números "conservadores", tanto para a estimativa de receitas com a nova edição da repatriação quanto para a expectativa de teto de gastos em 2017.

Na semana passada, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, comunicou à Comissão Mista de Orçamento (CMO) que o teto de despesas no ano que vem seria aumentado em R$ 9 bilhões, em função de receitas extras obtidas com a repatriação em 2016.

Esse aumento é possível porque parte da arrecadação total (R$ 46,8 bilhões) será usada para quitar dívidas dos anos anteriores, os chamados restos a pagar, valor que entrará na base do cálculo para o teto.

Na terça-feira, o Planejamento informou que foram destinados R$ 16,2 bilhões à quitação dos restos a pagar de anos anteriores. Diante dessa cifra, se concretizada, Braga pressupõe que a ampliação do teto poderá ser ainda maior do que os R$ 9 bilhões.

"Eles anunciaram R$ 16 bilhões e nós estamos usando R$ 9 bilhões. Se eles cumprirem gasto de R$ 16 bilhões, o que diz a legislação?", afirmou o senador, em referência à regra prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017, que prevê correção de despesas, inclusive restos a pagar, em 7,2%.

O relator ressaltou, contudo, que mesmo uma ampliação maior no teto de gastos esbarra na questão da arrecadação. Sem receitas, Braga não pode incluir mais despesas sem colocar em risco a meta fiscal, que é de déficit de R$ 139 bilhões no ano que vem.

Por enquanto, o Orçamento conta com R$ 10,15 bilhões de receitas com repatriação em 2017, um número considerado "conservador" e abaixo das expectativas do que deve ser efetivamente arrecadado.

"Essa é alternativa para compensar mudanças no cenário macroeconômico e mantermos realismo do ponto de vista da receitas", defendeu Braga. Na segunda-feira, o Ministério da Fazenda divulgou que espera crescimento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, e não mais 1,6% como constou no envio do Orçamento ao Congresso. A pasta, no entanto, não divulgou estimativas desse impacto na arrecadação.

"Para não ter revisão de receita que me obrigue a fazer corte linear entre os setores, estou sendo bastante conservador (na repatriação)", explicou Braga a parlamentares que pediam a adoção de expectativas maiores de receitas com o programa. "Como vamos aumentar receitas se o governo reviu os parâmetros?", questionou.

Segundo o senador, o Comitê de Avaliação da Receita fará uma análise dos novos parâmetros assim que forem concluídos os relatórios setoriais. "Este comitê se manifesta ou não. Exatamente pela moderação e prudência com que nós estamos tentando construir esse relatório, estamos com esperanças de que o comitê entenda que são bastantes robustos os argumentos", disse.

Valores

Em seu relatório preliminar, Braga reservou R$ 9,7 bilhões, cuja distribuição caberá ao relator-geral. Deste valor, R$ 3,2 bilhões irão para a área da saúde, na tentativa de compor o Orçamento setorial em medida suficiente para atender as regras previstas na PEC do Teto (cuja perspectiva é de aprovação): destinação de 15% da Receita Corrente Líquida (RCL).

Contando com emendas de bancadas, a injeção de recursos nasSaúde será de R$ 9,9 bilhões, de acordo com o senador.

Além disso, Braga deve destinar R$ 1,9 bilhão ao Fundo de Incentivo à Exportação (Fiex), R$ 700 milhões para a Defesa e entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a realização do Censo Agropecuário.

Nesta quinta-feira, a CMO aprovou o relatório preliminar do senador, ressalvados os destaques. A sessão, porém, teve de ser suspensa antes da apreciação dos destaques devido ao início da ordem do dia no plenário da Câmara dos Deputados.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraGestão públicaOrçamento federalreceita-federal

Mais de Economia

Pix por aproximação estará disponível em carteira digital do Google semana que vem, diz Campos Neto

Com expectativa sobre corte de gastos, Lula se reúne com Haddad e Galípolo

Haddad afirma que não há data para anúncio de corte de gastos e que decisão é de Lula