Economia

Comércio recusa dinheiro vivo e Suécia teme ter ido longe demais

A Suécia talvez seja hoje a sociedade com menos dinheiro em circulação. A maioria das agências deixou de operar com ele, assim como lojas e restaurantes

O ritmo de desaparecimento do dinheiro vivo preocupa as autoridades suecas (scanrail/Thinkstock)

O ritmo de desaparecimento do dinheiro vivo preocupa as autoridades suecas (scanrail/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 16h18.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 às 17h48.

Os cartazes com os dizeres “não aceitamos dinheiro” estão se tornando cada vez mais comuns em lojas e restaurantes da Suécia, dando lugar aos pagamentos digitais e móveis.

Mas o ritmo de desaparecimento do dinheiro vivo preocupa as autoridades. Uma ampla análise da legislação do banco central, em andamento, avalia essa situação em particular e um relatório preliminar é esperado para o verão (Hemisfério Norte).

“Se esse desenvolvimento com o desaparecimento do dinheiro vivo acontecer rapidamente demais, pode ser difícil manter a infraestrutura” de operação do dinheiro, disse Mats Dillen, chefe da análise parlamentar. Ele preferiu não informar mais detalhes sobre os tipos de propostas que poderiam ser incluídas no relatório.

A Suécia é considerada por muitos a sociedade com menos dinheiro vivo em circulação do planeta. A maioria das agências bancárias do país deixou de operar com dinheiro; muitas lojas, museus e restaurantes atualmente só aceitam plásticos ou pagamentos móveis. Mas há uma desvantagem, já que muitas pessoas, em particular idosas, não têm acesso à sociedade digital.

“Pode-se entrar em uma espiral negativa que pode ameaçar a infraestrutura do dinheiro vivo”, disse Dillen. “É esse tipo de questão que estamos analisando mais de perto.”

No ano passado, o montante de dinheiro em circulação atingiu o menor nível desde 1990 e ficou mais de 40 por cento abaixo do pico de 2007. As quedas de 2016 e 2017 foram as maiores já registradas.

Uma pesquisa anual da Insight Intelligence divulgada no mês passado apontou que apenas 25 por cento dos suecos efetuaram pagamentos em dinheiro vivo pelo menos uma vez por semana em 2017, contra 63 por cento há apenas quatro anos. Um total de 36 por cento nunca usa dinheiro, ou faz pagamentos com dinheiro vivo apenas uma ou duas vezes por ano.

Em resposta, o banco central analisa se existe a necessidade de uma forma oficial de moeda digital, uma e-krona (coroa eletrônica). A proposta final é esperada só para o fim do ano que vem, mas a ideia é que a e-krona funcione como complemento do dinheiro e não que o substitua integralmente.

O presidente do Riksbank, Stefan Ingves, disse que a Suécia deveria estudar obrigar os bancos a fornecerem dinheiro aos clientes. Em seu relatório anual, nesta segunda-feira, o Riksbank afirmou que a questão é o papel que deve desempenhar em um futuro com ainda menos pagamentos em dinheiro.

"O Riksbank está analisando cuidadosamente esse acontecimento", disse Ingves. "No geral, penso que estamos enfrentando mudanças estruturais em áreas anteriormente estáveis. Este é um acontecimento que afetará todos os departamentos do Riksbank e precisamos tomar decisões estratégicas sobre o caminho a seguir."

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