Lojas decoradas: Natal deste ano será menos aquecido que o de 2010
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2011 às 07h53.
São Paulo – O comércio brasileiro projeta um crescimento mais moderado nas vendas no Natal deste ano em relação ao ano passado. Em outras palavras, o desempenho "chinês" (10%) de 2010 será substituído por um ritmo "brasileiro" de 4% a 5%.
Isso não significa, no entanto, que o resultado será ruim. O simples fato de haver uma expansão a partir de uma base elevada já é motivo de comemoração.
Entre os fatores que impedem uma explosão nas vendas deste ano estão o crédito, o mercado de trabalho e o câmbio, segundo o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Bruno Fernandes (veja quadro resumo na próxima página).
“O Natal ainda será muito bom, mas não tão forte quanto o ano passado. Havia uma grande oferta de crédito, o emprego e a renda estavam em ritmo extremamente forte e o dólar estava muito barato, impulsionando a entrada de produtos importados. Neste ano, o quadro já não é tão favorável”, diz Fernandes.
O economista da CNC explica que as medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central (BC) estão desacelerando o crédito nos últimos meses e o novo ciclo de queda dos juros não terá grande impacto neste Natal.
O mercado de trabalho ainda proporciona um crescimento forte da renda e do emprego, mas nada comparável a 2010. “O nível de contratação é menor e a renda está sendo corroída pela inflação mais elevada”, afirma Bruno Fernandes.
O economista da CNC ressalta que a recente alta do dólar também joga contra o comércio, pois encarece os importados e os produtos nacionais que são feitos com insumos trazidos do exterior.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) traça um cenário bem parecido para o Natal deste ano. Se por um lado há a crise global, por outro, o mercado doméstico continua favorável, o que encoraja o consumidor a contrair dívidas.
“Mesmo com as incertezas internacionais, o Natal deve ser melhor do que o do ano passado porque a renda continua crescendo. Uma coisa que pesa muito é o prazo do financiamento. A perspectiva de novas quedas nos juros pode impedir a redução dos prazos, que seria, de fato, um limitador grande. Para o consumidor, é mais relevante o prazo do que a taxa de juros”, diz o economista da entidade Marcel Solimeo.
Bruno Fernandes, da CNC, concorda. “O nível de endividamento está acima do observado no ano passado, mas ainda não é crítico. O mercado de trabalho forte atenua a cautela provocada pela crise e permite que as pessoas continuem se endividando.”
Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, também considera que o atual nível de endividamento das famílias permite mais compras a prazo, principalmente por causa da renda. “Há espaço para continuar crescendo devido ao aumento da renda e à entrada de novos consumidores”, explica Solimeo, que prevê expansão entre 4% e 5% nas vendas neste Natal ante uma alta de 10% no ano passado.
O dólar mais caro, na sua avaliação, pode reduzir um pouco a presença dos importados que, ainda assim, serão protagonistas neste fim de ano.
Veja a comparação entre a situação econômica em 2010 e em 2011
Variáveis | Natal de 2010 | Natal de 2011 |
---|---|---|
Crédito | farto, sem entrada e com prazos longos | um pouco mais restrito |
Emprego | desemprego baixo e ritmo alto de contratações | desemprego baixo e ritmo mais moderado de contratações |
Renda | crescimento elevado | crescimento moderado e inflação mais alta |
Câmbio | dólar barato | dólar um pouco mais caro |
Confiança | consumidor eufórico | consumidor cauteloso por causa da crise |
Endividamento | nível baixo | nível elevado, mas não crítico |