Economia

Comércio não espera melhora nas vendas, avalia FGV

Economista da FGV espera aumento de cerca de 2% no volume de vendas do comércio restrito em 2014, o que seria o pior resultado desde 2003


	Compras: segmentos mais demandados no Natal são os que têm tido mais deterioração de expectativas, diz economista
 (Getty Images)

Compras: segmentos mais demandados no Natal são os que têm tido mais deterioração de expectativas, diz economista (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2014 às 14h27.

Rio - A queda de 1,0% na confiança do comércio em novembro ante outubro consolidou a percepção de que os empresários não contam com uma aceleração das vendas do setor nos próximos meses.

Ainda que haja mais comerciantes apostando em melhora do que em piora (resultado em indicadores acima dos 100 pontos), o pessimismo tem se espalhado, avaliou nesta quinta-feira, 27, o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo.

"O número de empresas esperando melhora diminuiu muito. Há percepção de piora, de desaceleração, e de que não haverá aceleração nos próximos meses", observou Campelo. Com o recuo deste mês, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) atingiu o segundo pior nível da série histórica, iniciada em março de 2010.

Diante dos resultados, o economista da FGV agora espera aumento de cerca de 2% no volume de vendas do comércio restrito em 2014, o que seria o pior resultado desde 2003.

No caso do varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, a expectativa é de queda entre 1,5% e 2,0%.

As incertezas sobre a recuperação do comércio também devem afetar decisões em termos de abertura de vagas e investimentos, pontuou Campelo.

"Sem percepção de desaceleração, há desânimo até para contratações e investimentos", disse.

Neste mês, o emprego previsto avançou 3,4%, mas o resultado não é considerado tendência.

Há piora na comparação com novembro do ano passado, quando 29,4% declaravam intenção de abrir novas vagas. Agora, essa fatia é de 23,3%.

Bens duráveis

A confiança dos segmentos ligados a bens duráveis recuou em novembro, já reagindo ao mais recente aumento dos juros básicos. No fim de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 11,25% ao ano.

Neste mês, a confiança do segmento de móveis e eletrodomésticos recuou 2,8%, após alta de 0,4% em outubro.

"O setor reagiu ao aumento de juros e percebe que o consumidor está mais cauteloso", disse Campelo. No caso de veículos e motocicletas, houve queda de 5,3%, após avanço de 4,4%.

"O setor de veículos não está confiante, concessionárias continuam estocadas, precisando fazer promoções, o que reduz a margem", explicou.

Natal

Os segmentos do varejo que costumam ser mais demandados na época do Natal são justamente os que têm tido deterioração mais intensa das expectativas, afirmou Campelo. 

Hipermercados e supermercados, móveis e eletrodomésticos, artigos farmacêuticos e tecidos e vestuário puxaram o Índice de Expectativas do Comércio (IE-COM) para baixo em novembro.

A queda foi de 2,3% em relação a outubro e de 11,2% em relação a igual mês de 2013.

No setor de hipermercados e supermercados, as expectativas pioraram 19,3% na comparação com novembro do ano passado.

"Já não há tanto otimismo em relação aos últimos anos", disse Campelo. "A tendência dos negócios para os próximos seis meses também piorou. Já não é tão certo para eles que as vendas serão maiores neste ano."

Segundo o economista, as perspectivas de um Natal pior pode ter contagiado a confiança de segmentos que costumam ser demandados nessa época. "Os setores mais ligados ao Natal estão até piores", comentou Campelo.

"Os empresários estão olhando com bastante preocupação a tentativa dos consumidores de equilibrar suas finanças. Isso preocupa o comércio", acrescentou o economista. O crédito evoluindo menos também afeta a demanda para os próximos meses, segundo o superintendente.

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