Economia

Comércio internacional explica queda em guerras, diz estudo

Aumento de laços comerciais é a variável mais relacionada com queda de conflitos militares entre dois países, segundo economistas da Universidade de Stanford


	Navio de guerra sul-coreano: comércio ajuda a evitar conflitos militares
 (Kim Jae-Hwan/AFP)

Navio de guerra sul-coreano: comércio ajuda a evitar conflitos militares (Kim Jae-Hwan/AFP)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 16h42.

São Paulo - O comércio internacional ajuda a evitar conflitos ao criar vínculos que se rompidos, trazem consequências ruins para todas as partes.

A tese não é nova, mas acaba de ser confirmada por um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences por Matthew Jackson e Stephen Nei, da Universidade de Stanford.

Primeiro, eles observaram que há cada vez menos guerras entre estados nacionais: no período entre 1950 e 2000, a incidência foi 10 vezes menor do que no período entre 1820 e 1949.

Foram considerados os conflitos entre ao menos dois países com mais de mil mortes.

O que explica essa queda? Isolando variáveis, a que aparece com uma correlação estatística mais forte é justamente a densidade de alianças comerciais.

Em outras palavras: a probabilidade de que dois países entrem em guerra cai na medida em que aumentam as trocas e laços entre eles.

"Comércio em alta diminui os incentivos dos países para atacar uns aos outros e aumenta seus incentivos para defender um ao outro, levando a uma rede estável e pacífica de alianças militares e comerciais que é consistente com os dados observáveis", diz o texto.

Um bom exemplo desta dinâmica é a União Europeia, que surgiu no trauma do pós guerra e conseguiu evitar conflitos militares entre suas grandes potências do continente que antes aconteciam com regularidade.

De qualquer forma, é preciso tomar cuidado com conclusões tão abrangentes. Correlação não significa causalidade: por mais que dois fatores estejam relacionados estatisticamente, isso não significa que um é causa do outro.

Além do mais, o mundo mudou de várias outras formas ao longo dos 150 anos analisados. Os mesmos processos que levaram a uma maior integração comercial também incluem trocas tecnológicas, políticas e culturais impossíveis de isolar dentro de um estudo.

Para visualizar o estado do comércio internacional atualmente, uma boa ferramenta é o Globo de Complexidade Econômica criado pelo Centro para o Desenvolvimento Internacional da universidade americana de Harvard.

Através de mapas interativos e dinâmicos em três dimensões, é possível ver as exportações de países específicos movimentando até 1.500 pontos ao mesmo tempo que identificam 800 produtos entre 15 setores com cores diferentes.

No caso do Brasil, o comércio é pequeno em relação ao tamanho da economia. Temos a economia mais fechada do G-20, segundo estudo recente da Câmara de Comércio Mundial, e as exportações são apenas cerca de 12% do nosso PIB, contra 24% na Índia e 32% na Espanha.

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