Economia

'Comércio é ganha-ganha', diz Alckmin ao reafirmar que Brasil não é problema para os EUA

Em evento no Rio, presidente em exercício elogiou iniciativa do Senado em aprovar lei de reciprocidade, mas ressaltou que o melhor caminho é o diálogo, postura que tem sido tomada pelo governo Lula

Geraldo Alckmin: vice-presidente do Brasil reforçou que o país não é problema para os Estados Unidos (Leandro Fonseca/Exame)

Geraldo Alckmin: vice-presidente do Brasil reforçou que o país não é problema para os Estados Unidos (Leandro Fonseca/Exame)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 1 de abril de 2025 às 14h58.

Última atualização em 1 de abril de 2025 às 15h01.

Tudo sobreGeraldo Alckmin
Saiba mais

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, voltou a afirmar nesta terça-feira, 1º de abril, que o Brasil não é problema para os Estados Unidos, porque o país tem superávit de US$ 25 bilhões na balança comercial, tanto no setor de bens quanto no de serviços, ao ser questionado sobre o impacto das tarifas recíprocas que o presidente Donald Trump prometeu divulgar nesta quarta-feira, 2 de abril.

Alckmin destacou que, dos dez produtos que os Estados Unidos mais exportam para o Brasil, oito são ex-tarifários, ou seja, ''é zero, não tem imposto de importação'', enquanto que a tarifa média final de todos os produtos e serviços é de 2,7%.

— Então, o Brasil não é problema para os Estados Unidos. As medidas que foram anunciadas de aumento de 25% nas tarifas do aço e do alumínio não foram contra o Brasil. Foi para o mundo inteiro. Qual a postura do governo brasileiro que o presidente Lula tem falado: é a do diálogo. Comércio exterior, comércio, deve ser ganha-ganha, e não olho por olho. Acho que esse é o caminho, o caminho do diálogo. O governo brasileiro está aberto ao diálogo.

Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad afirmou que a eventual imposição de tarifas do governo americano ao Brasil seria uma "retaliação injustificável" ao estado brasileiro e causaria estranheza ao governo do presidente Lula. Em entrevista à imprensa após a cerimônia de abertura dos Diálogos Econômicos Brasil-França, o ministro também ressaltou que a balança comercial entre EUA e Brasil é superavitária para os americanos.

Alckmin, que participou de evento no Riocentro, no Rio de Janeiro, lembrou que o Brasil tem 200 anos de amizade e parceria com os Estados Unidos, um importante parceiro comercial, para quem vendemos também produtos com mais valor agregado, mas fez questão de ressaltar que o Brasil está abrindo seu comércio exterior.

—Acabamos de fazer acordo Mercosul-Cingapura, Mercosul-União Europeia. O Brasil quer ampliar o seu comércio no ganha-ganha, reciprocidade no sentido de competividade: melhor lá, vende para nós; melhor aqui, nós vendemos para eles. Isso para o mundo inteiro.

Sobre o Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, aprovado nesta terça-feira por unanimidade no Senado, Alckmin louvou a iniciativa, mas reafirmou que o melhor caminho é o diálogo.

— Eu acho que você ter um arcabouço jurídico legal é positivo. Louvo a iniciativa do Congresso Nacional, neste caso, do Senado, porque procura preservar o interesse do Brasil, mas dizer que o caminho é o diálogo e procurar ter uma complementariedade econômica. Aliás, poderemos até avançar em outras parcerias.

O que diz o projeto de lei

O projeto de lei aprovado hoje permite ao Brasil responder com sanções comerciais a países que não mantenham uma relação de isonomia econômica. O texto ganhou força em resposta ao chamado "tarifaço" imposto pelo presidente Donald Trump e às possíveis restrições impostas pelo mercado europeu à proteína bovina brasileira e à soja produzida em áreas desmatadas.

Como foi votado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado em caráter "terminativo", o texto seguirá direto para a Câmara. O chamado PL da Reciprocidade, originalmente, tratava de equiparar exigências de controle ambiental, mas também cria barreiras econômicas para outros países ou blocos que afetem a competitividade brasileira no exterior.

Caso aprovado o projeto nas duas Casas Legislativas, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) terá poderes para suspender concessões comerciais e de investimentos em resposta a países ou blocos econômicos que impactam negativamente a competitividade dos produtos nacionais.

A Camex também poderia adotar medidas de restrição às importações e suspender concessões, patentes ou remessas de royalties, além de aplicar taxações extras sobre os países a serem retaliados.

Pelas regras de hoje, o Brasil não pode aplicar tarifas unilateralmente a um país, o que poderia dificultar a resposta a Trump — se essa vier por meio de retaliação.

Acompanhe tudo sobre:Geraldo AlckminEstados Unidos (EUA)Donald TrumpLuiz Inácio Lula da SilvaGoverno Lula

Mais de Economia

TCU discute hoje se BNDES pode pagar salários acima do teto de remuneração de servidores

Reservas internacionais do Brasil caem 7,1% em 2024 após venda de dólares pelo Banco Central

Crédito consignado para CLT chega a R$ 2,8 bilhões em empréstimos a 450 mil trabalhadores