Economia

Comércio de SP deve registrar menos 6% nas vendas de fim de ano

A estimativa é da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e foi feita com base no desempenho do varejo no decorrer do ano.

Homem e moedas: atraso no pagamento da rescisão rende multa (Creatas/Thinkstock)

Homem e moedas: atraso no pagamento da rescisão rende multa (Creatas/Thinkstock)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de dezembro de 2016 às 15h07.

Os comerciantes de varejo da cidade de São Paulo estão pessimistas com as vendas para este fim de ano e estimam uma queda entre 5% e 6% em comparação com o Natal de 2015, que já havia registrado uma retração de 14,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A estimativa é da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e foi feita com base no desempenho do varejo no decorrer do ano. Já no país, a queda em relação às vendas do Natal de 2016 deve ser ficar entre 4% e 5%.

"Não espero vender mais do que vendi até o início de dezembro", lamentou a empresária Cláudia Rocha, sócia de uma loja de tecidos para decoração de interiores, localizada no Brás. Ela disse que, mesmo fazendo promoções, não tem grande expectativa de crescimento nas vendas.

"Meu produto [tecidos para móveis] é sazonal, e este seria o momento para vender bastante. As pessoas compram para decorar a casa para as festas de fim de ano. Essa época é o limite para poder chegar ao Natal com a casa pronta. E está absolutamente fraco", destacou.

De acordo com o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, a crise chegou ao pico alguns meses atrás com o desemprego a agora vem diminuindo muito lentamente.

"O desemprego tem crescido menos. A confiança do consumidor teve uma ligeira melhora e as taxas de juros começaram timidamente a cair. A cada mês se está comparando com o mês do ano anterior que foi pior que os anteriores. Então, o efeito-base também ajuda a explicar [o cenário atual]".

Conforme o economista, há uma expectativa de que essa diminuição da queda deve continuar, mas não o suficiente para salvar o ano. "Possivelmente, ao longo do primeiro semestre de 2017 a gente consiga estabilizar para depois voltar a crescer, também muito lentamente."

Segundo Solimeo, o desempenho na capital paulista deverá ser pior do que no restante do país, porque São Paulo tem maior participação na indústria.

"O comércio paulistano foi mais afetado que a maioria dos demais estados, porque São Paulo tem a maior base industrial e a crise se deu primeiramente nesse setor, que é onde paga-se os melhores salários."

A avaliação do economista reflete o sentimento dos comerciantes ouvidos pela Agência Brasil e pode ser constatado também nas contratações temporárias deste fim de ano. Houve uma queda de 7%. Márcio José da Silva, gerente de uma loja de calçados na Lapa, zona oeste de São Paulo, confirmou que as contratações realmente foram poucas.

"Nós contratamos poucos funcionários porque estamos em dúvida sobre a expectativa de vendas, se realmente vão atingir nossos objetivos ou se vão ficar igual ao ano passado, que já foi fraco", afirmou.

Solimeo alertou que alguns fatores podem inibir o consumo do varejo. "O desemprego é um desses fatores. O outro é o endividamento alto de grande parcela dos consumidores. Isso faz com que boa parte desses recursos injetados pelo 13º salário seja usado para pagar dívidas, que é o mais indicado, pois não adianta consumir e se endividar mais. E esses são os fatores limitantes [de consumo]", acrescentou.

O economista também observou que quanto mais a Black Friday vende, mais afeta as vendas do Natal. "Quem comprou agora na Black Friday não vai comprar de novo no Natal. Essa promoção pode dar um ganho adicional - há muita gente que não compraria se não fossem as ofertas da Black Friday. Mas em boa parte quem compra agora não vai comprar depois", resssaltou.

Otimismo

Marcos Ricci, secretário-executivo da Associação de Lojista do Brás (Alobrás), um dos maiores centros populares de compras do país, está um pouco mais otimista e acredita que as vendas se manterão igual a 2015.

"A estimativa é empatar com o ano passado, o que é bom, pois estamos em um momento crítico. Além disso, presentes caros deixarão de ser comprados. Dessa forma, presentes de menor valor, como roupas, passam a ser uma melhor opção."

Opinião semelhante tem o comerciante Philipe Sarruf, sócio de uma loja de objetos e decoração natalina na região da 25 de março, outro importante polo comercial da capital paulista. Ele também espera vender o mesmo que 2015.

"A expectativa é um volume de vendas similar ao ano passado, sem crescimento, mas também sem redução, pelo menos o mesmo nível". Para isso, ele disse que a loja tem adotado medidas para atrair o consumidor.

"Como ficamos com um estoque grande do ano passado mantivemos o preço e fizemos uma ação na nossa loja online com 30% de desconto na categoria de Natal e aqui na loja física também mantivemos o preço de 2015. Isso gerou um certo volume de vendas". Sarruf observou uma reação no movimento de rua, mas ainda não comemora. "Não é uma super-reação, mas a gente acha que começou a melhorar um pouco."

No segmento de bijuterias, a gerente de loja Nuquia Marques está confiante em vender mais que o ano passado. "Pelo período ainda está fraco, mas nessa primeira quinzena de dezembro vai dar uma levantada".

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