Economia

Com taxa zero, Brasil deve importar arroz de EUA e Tailândia, diz ministra

De acordo com a ministra Tereza Cristina, a cota servirá muito mais como uma "reserva técnica" para não deixar o mercado desabastecido

Tereza Cristina: ministra está em viagem a países árabes para alavancar exportações do Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Tereza Cristina: ministra está em viagem a países árabes para alavancar exportações do Brasil (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 13h35.

Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 13h39.

A taxa zero para importação de arroz de países de fora do Mercosul, uma medida tomada na véspera pelo governo brasileiro para tentar atenuar os preços recordes do produto, deverá beneficiar principalmente Estados Unidos e Tailândia, que deverão exportar aos brasileiros, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nesta quinta-feira.

A isenção da tarifa de 10% a 12%, para o arroz em casca e beneficiado, respectivamente, vale para uma cota de 400 mil tonelada até o final do ano, volume que representa cerca de 35% das importações brasileiras totais projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o ano.

"Agora, é claro que o arroz demora um pouco para entrar. Ele vem basicamente dos Estados Unidos e Tailândia, que são os países que podem exportar porque é o mesmo tipo de arroz. Nós temos outros países produtores, mas é de outro tipo", disse a ministra, em entrevista à Rádio Gaúcha, com sede na capital do Estado que é o maior produtor de arroz do Brasil.

O presidente da Conab, Guilherme Bastos, disse à Reuters que muitas indústrias de beneficiamento já estão com suas compras agendadas em diversos países e também citou EUA e Tailândia como origens do produto.

Em meio ao dólar forte frente ao real que dificulta compras externas, as importações de arroz pelo Brasil de janeiro a agosto somaram 373,3 mil toneladas, queda de 26% ante o mesmo período do ano passado, segundo dados do governo.

A baixa nas aquisições no exterior também colaborou para a alta de preços, assim com a alta nas exportações.

A ministra lembrou que o Brasil sempre importou arroz do Paraguai e do Uruguai, em negócios sem tarifas, por causa do Mercosul, e que essas importações também costumam incomodar o setor produtivo, assim como a cota.

"Esse foi o primeiro ano que o produtor rural de arroz teve seus custos cobertos e uma margem de lucro. Trabalharam no vermelho muitos anos... Então foi muito difícil a tomada dessa decisão. A gente vem acompanhando isso há meses do arroz... mas a gente tem que olhar também o consumidor, a prateleira que não pode ficar vazia", disse Tereza.

Segundo ela, a cota servirá muito mais como uma "reserva técnica" para não deixar o mercado desabastecido, e não deve atrapalhar a próxima safra, que será colhida no início do ano que vem.

A ministra disse ainda que a FAO, órgão das Nações Unidos para alimentos, já vinha alertando há dois meses sobre essa alta global dos preços.

"Isso está acontecendo no mundo todo. Claro nós tivemos aí o dólar que favoreceu as exportações, então houve um aumento exportações", disse.

A ministra também destacou que o auxílio emergencial da Covid-19 fez com que as pessoas comprassem mais arroz.

"Muita gente está em casa, mudou seu hábito alimentar, arroz feijão, óleo para cozinhar. Houve sim um aumento de consumo. Ah, exportou muito, exportou, mas temos estoques aqui dentro para atender nossa população", disse.

"Estamos muito ligados na próxima safra, teremos uma safra com aumento de área, tudo indica, então deve ser maior."

A Conab estimou nesta quinta-feira a safra de arroz do Brasil 2019/20 --já colhida-- em 11,18 milhões de toneladas, ante 10,5 milhões na temporada anterior, o que fez com que o Brasil entrasse neste ano com estoques relativamente baixos.

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