Economia

Revisão do PIB coloca em questão "maior recessão da história"

Com as revisões anunciadas nesta sexta-feira, a retração total da economia ficou em 8,2%, abaixo da queda de 8,5% acumulada na recessão de 1981 a 1983

Dinheiro: antes, segundo este comitê, a retração do PIB no período tinha sido de 8,6% (selensergen/Thinkstock)

Dinheiro: antes, segundo este comitê, a retração do PIB no período tinha sido de 8,6% (selensergen/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de dezembro de 2017 às 17h53.

Última atualização em 4 de dezembro de 2017 às 11h37.

Rio - As revisões das variações do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 em diante, anunciadas nesta sexta-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reduziram a magnitude da retração da economia nos 11 trimestres de recessão, de 8,6% para 8,2%. O PIB do ano de 2016 foi revisto de uma queda de 3,6% para recuo de 3,5%.

Conforme definido pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getulio Vargas (FGV), órgão independente criado para datar os períodos de avanço e retração na economia, a recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 terminou no quarto trimestre de 2016.

Antes, segundo este comitê, a retração do PIB no período tinha sido de 8,6%. Com as revisões anunciadas nesta sexta, a retração passou a 8,2%, abaixo da retração de 8,5% acumulada na recessão de 1981 a 1983.

Nas contas do economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, diante das revisões, a queda acumula no PIB per capita durante a recessão de 2014 a 2016 ficou em 10,2%. Isso reforçaria a visão, já defendida pelo economista, de que não é consenso de que a recessão mais recente foi a pior da história.

Isso porque houve quedas mais expressivas no PIB per capita nas recessões de 1989 a 1992 (-12,1%) e de 1981 a 1983 (-13,2%). Naquelas épocas, o crescimento populacional brasileiro tinha um ritmo mais acelerado, o que, segundo Borges, faz com que os efeitos da retração da economia sejam mais sentidos pelas pessoas, já que, para uma mesma queda de PIB, se a população cresce mais, o desemprego também cresce mais.

Além disso, o PIB definitivo de 2016, a ser anunciado em novembro de 2018, poderá reduzir ainda mais a magnitude da retração na recessão de 2014 a 2016. Segundo Borges, desde que o IBGE implementou a metodologia atual do PIB, com base em 2010, a revisão entre a variação preliminar, baseadas nas Contas Trimestrais, e a variação definitiva tem sido, na média, de 0,3 ponto porcentual para mais.

"Seguindo esse padrão, que tem sido bastante estável ao longo do tempo, a variação definitiva de 2016 ficaria mais próxima de -3,2% (hoje está em -3,5%) e a retração acumulada per capita iria para perto de - 10%", disse Borges, por e-mail.

Por outro lado, as revisões anunciadas nesta sexta-feira pelo IBGE terão impacto para cima no PIB de 2017. O IBGE revisou a variação do PIB do segundo trimestre ante o primeiro deste ano, de 0,2% para 0,7%. Já o resultado do PIB do primeiro trimestre de 2017 ante o quarto trimestre de 2016 passou de 1,0% para 1,3%.

Nas contas da LCA Consultores, o carregamento estatístico já garante crescimento de 1,0% no PIB deste ano sobre 2016, acima da média das projeções atuais.

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