PIX: modalidade de pagamento fez brasileiros economizarem com tarifas bancárias (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 18h04.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 18h39.
Desde a sua criação, em 2020, o Pix já proporcionou uma economia de R$ 106,7 bilhões para consumidores e empresas no Brasil. Esse número é resultado de um estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), que pela primeira vez quantifica os efeitos diretos do sistema de pagamentos instantâneos sobre a economia nacional.
O levantamento revelou que, apenas no primeiro semestre de 2025, o sistema gerou uma economia de R$ 18,9 bilhões. Se a tendência de adoção continuar, a economia anual pode chegar a até R$ 40,1 bilhões até 2030.
A análise do MBC, realizada com base em dados públicos do Banco Central, compara os custos de transações feitas com métodos antigos, como TEDs e débito, com o custo do Pix, que é gratuito.
Os economistas calcularam quanto seria gasto se a população continuasse utilizando meios de pagamento, como TEDs ou cartões de débito, e compararam com o que foi efetivamente pago com o uso do Pix. A diferença entre esses dois cenários representa a economia real gerada pela nova tecnologia.
Além disso, a pesquisa aponta outros benefícios indiretos, como a formalização de pequenos negócios, maior bancarização da população e redução no uso de dinheiro em espécie.
“A introdução do Pix foi uma mudança estrutural que reduziu custos, aumentou a eficiência e contribuiu para um ambiente de negócios mais dinâmico no Brasil”, afirma Tatiana Ribeiro, diretora-executiva do MBC. “A inovação no setor financeiro está gerando competitividade e ganhos reais para cidadãos e empresas.”
O estudo também destaca que, ao reduzir o número de TEDs e incentivar o uso do Pix para pagamentos a empresas, há uma significativa redução de custos para o sistema financeiro brasileiro.
"Esses dois movimentos mostram como o Pix contribui para a redução de custos reais, tanto para consumidores quanto para empresas", diz Rodolpho Tobler, economista do MBC responsável pela análise.
Embora os benefícios sejam claros, o MBC alerta para a necessidade de um debate sobre o futuro do Pix, especialmente no que diz respeito à sua governança. Atualmente, o Banco Central é responsável tanto pela operação quanto pela regulação do sistema, mas, de acordo com o MBC, é essencial refletir sobre como garantir a neutralidade do sistema e sua sustentabilidade a longo prazo.
O estudo também analisou experiências internacionais, como o UPI da Índia, o Swish da Suécia e o FPS do Reino Unido, como referência para entender modelos de operação e governança. Uma das conclusões é que, nesses países, as funções de regulação e operação do sistema de pagamentos são separadas, o que poderia ser uma alternativa para o Brasil.
O meio de pagamento é alvo de uma investigação aberta contra o Brasil para apurar práticas "desleais" de comércio, o Escritório do Representante do Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês).
Os americanos alegam, sem citar diretamente o Pix, que o modelo brasileiro de pagamento pode impactar os negócios de empresas americanas.
Gratuito e instantâneo, o Pix já é o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros. O número de transferência por mês já supera 6 bilhões, que movimentam cerca de R$ 2,8 trilhões.