Economia

Com pandemia, 57% das empresas exportadoras tiveram redução de receita

Número se refere aos meses de abril e maio e indicam desaceleração no recuo em relação ao bimestre anterior, quando queda foi de 80%, diz CNI

Trabalhadores carregam containers em porto no Estado de Santa Catarina (Paulo Prada/Reuters)

Trabalhadores carregam containers em porto no Estado de Santa Catarina (Paulo Prada/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 9 de julho de 2020 às 10h06.

Última atualização em 9 de julho de 2020 às 10h08.

A pandemia do novo coronavírus reduziu as vendas de 57% das empresas brasileiras exportadoras em abril e maio, revelou levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta quinta-feira.

Apesar da queda, os números indicam desaceleração no recuo. No levantamento anterior, que avaliou os meses de fevereiro e março, 80% das empresas exportadoras tinham registrado diminuição no faturamento.

O levantamento aponta ainda que houve forte impacto nas companhias importadoras e nas que investem em países estrangeiros. Nessas duas categorias, 70% registraram queda de receita.

O levantamento foi feito entre 2 e 10 de junho e avaliou o desempenho em abril e maio de 197 de empresas brasileiras com inserção no mercado internacional – exportadoras, importadoras ou com investimentos no exterior.

No que diz respeito às exportadoras, em 42% das empresas afetadas, as vendas externas caíram para menos da metade de antes da pandemia. Entre as importadoras, pouco mais de um quarto relataram que estão comprando menos de 50% do que importavam antes da disseminação da doença.

Expectativas

A pesquisa também avaliou as expectativas dos empresários para os próximos 60 dias. Os números apontam continuidade no processo de recuperação, com 36% das exportadoras acreditando que serão afetadas negativamente, com a proporção repetindo-se entre as empresas importadoras e com investimentos no exterior.

Para a CNI, embora o comércio exterior tenha sido impactado pela pandemia, terá papel fundamental na retomada do crescimento econômico e na geração de emprego e renda. Na avaliação da entidade, a crise pode servir de oportunidade para a empresa brasileira reavaliar a estratégia e aumentar a internacionalização ao sair da pandemia.

Mercados

Em relação aos mercados de destino, as exportações mais afetadas foram para a vizinha Argentina: 34% das exportadoras reduziram as vendas para o país em abril e maio. Ainda segundo a pesquisa, houve redução nas vendas das 23% das empresas para a Bolívia e 21% para o Chile e os Estados Unidos.

Em relação às importadoras, 58% das empresas diminuíram as compras da China e 29% reduziram as compras dos Estados Unidos. Segundo a CNI, os dois países são mercados estratégicos da indústria. Já 22% das importadoras diminuíram suas encomendas provenientes da Alemanha.

Entre as empresas que investem no mercado internacional, 70% informaram que reduziram a destinação de recursos para o exterior. A queda maior foi sentida nas remessas para a China (35%), os Estados Unidos (30%) e a Alemanha (13%).

Na perspectiva para os próximos 60 dias, os maiores indicadores de retração também são registrados na China (44%) e nos Estados Unidos (31%).

Preocupações

As principais preocupações das empresas brasileiras com inserção internacional são a queda das exportações (24%) e da produção (19%). Em terceiro lugar, vem o aumento do preço da matéria-prima (15%).

Além disso, as empresas expressaram preocupação com a variação cambial por causa do custos dos materiais e por afetar negativamente as importações. Também foram citados como preocupações a inadimplência, o aumento dos custos logísticos e a falta de opções de voos para o transporte de cargas.

Acompanhe tudo sobre:ExportaçõesIndústria

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto