Economia

Com reajuste da gasolina, previsão para inflação chega a 10%

O aumento era o empurrão que faltava para o IPCA)fechar acima de 10% este ano e voltar à casa dos dois dígitos pela primeira vez desde dezembro de 2002 (12,53%)


	Inflação: o aumento era o empurrão que faltava para o IPCA fechar acima de 10% este ano e voltar à casa dos dois dígitos pela primeira vez desde dezembro de 2002 (12,53%)
 (Fadel Senna/AFP)

Inflação: o aumento era o empurrão que faltava para o IPCA fechar acima de 10% este ano e voltar à casa dos dois dígitos pela primeira vez desde dezembro de 2002 (12,53%) (Fadel Senna/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 09h34.

Rio de Janeiro - A alta do dólar chegou ao orçamento das famílias ao primeiro minuto de quarta-feira, 30, com o reajuste pela Petrobras do preço da gasolina e do óleo diesel nas refinarias.

O repasse para o consumidor foi imediato. Logo pela manhã, os motoristas tiveram de pagar de R$ 0,17 a R$ 0,20 a mais pelo litro da gasolina.

O aumento era o empurrão que faltava para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar acima de 10% este ano e voltar à casa dos dois dígitos pela primeira vez desde dezembro de 2002 (12,53%).

"Com o aumento da gasolina, finalmente podemos dizer que o repasse do dólar começou de fato a ser repassado para a inflação", afirmou o economista da PUC-RJ e membro do Conselho do IBGE, Luiz Roberto Cunha.

Para ele, antes não era possível perceber claramente a contaminação da economia pelo câmbio mesmo em produtos com matéria-prima importada, como nos segmentos de limpeza e higiene.

Luiz Roberto trabalha, agora, com estimativa de inflação na casa dos 10% até o fim do ano, muito acima do teto da meta fixada do governo para o IPCA, de 6,5%.

Em relatório distribuído aos clientes, o banco Credit Suisse já revisou para cima suas projeções, de 9,5% para 10%.

O economista lembra que o diesel é usado em toda a cadeia produtiva, como no transporte rodoviário de cargas, que afeta a inflação de alimentos.

Pelas contas da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), o aumento no diesel de 4% vai deixar o transporte rodoviário de cargas de 0,46% a 1,41% mais caro.

O impacto deve ser maior no frete de longa distância, de 2.400 km, que deve registrar alta de 1,38%.

Já o economista da FGV André Braz diz que a retração da economia pode adiar um pouco o impacto do reajuste na gasolina sobre a cadeia produtiva.

"Com a redução na demanda, o efeito vai se espalhar pelo tempo. Mas, em algum momento, isso se transforma em repasse", admitiu. Em sua opinião, há chances de o IPCA fechar o ano acima de 10%, mas não é certo que isso aconteça por causa da recessão.

O aumento sazonal de preços do etanol no quarto trimestre do ano tende a ser mais intenso em 2015, segundo o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e sócio da consultoria Canaplan, Luiz Carlos Corrêa Carvalho.

O etanol é o concorrente direto da gasolina nos postos de combustíveis, e qualquer mudança de preço na gasolina provoca impacto na cotação do biocombustível.

Nas refinarias, o litro da gasolina ficou R$ 0,09 mais caro desde ontem, segundo estimativa do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom).

Acompanhe tudo sobre:bancos-de-investimentoCombustíveisCredit SuisseEmpresasEmpresas suíçasEstatísticasGasolinaIndicadores econômicosInflaçãoIPCA

Mais de Economia

Medidas do governo só afetam 'morador de cobertura', diz Haddad

Após reunião com Lula, Haddad diz que pacote alternativo ao IOF deve ser enviado à Casa Civil hoje

Argentina anuncia pacote para levantar até US$ 7 bilhões

Embate sobre aumento de impostos mostra que governo segue perdendo cabo de guerra com Congresso