Economia

Com nova regra, Eletrobras terá de cortar R$ 2 bilhões

Como essas exigências feitas pela Aneel não podem ser repassado para as tarifas, se a empresa não for privatizada, ela exigirá mais aportes dos acionistas

Sede da Eletrobras no Rio de Janeiro, dia 20/08/2014 (Pilar Olivares/Reuters) (Pilar Olivares/Reuters)

Sede da Eletrobras no Rio de Janeiro, dia 20/08/2014 (Pilar Olivares/Reuters) (Pilar Olivares/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de novembro de 2017 às 08h09.

Brasília - A revisão tarifária periódica das transmissoras de energia vai expor uma situação desconfortável para a Eletrobras. Cálculos realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deixarão claro que a ineficiência da estatal, até então atribuída apenas às distribuidoras, também atinge as transmissoras.

Para se adequar aos novos parâmetros que serão exigidos pela Aneel a partir de 2018, a Eletrobrás terá de fazer um corte de custos de R$ 2 bilhões. Como esse valor não pode ser repassado para as tarifas, se a empresa não for privatizada, ela exigirá mais aportes dos acionistas. A União detém, direta e indiretamente, 63% das ações da Eletrobras.

De acordo com levantamento da Aneel, entre as nove transmissoras que passarão pela revisão, Eletronorte, Chesf e Eletrosul têm os piores níveis de eficiência: 34,61%, 42,14% e 44,14%, respectivamente. A Copel-GT terá 53,02%, e Furnas, 58,37%. As melhores nessa lista são Cemig-GT, com 92,30%, e CTEEP, com 89,46%.

O índice a ser atingido pela Eletrobrás foi definido em 90% do alcançado pelas melhores empresas, algo que o governo considera possível caso a empresa seja privatizada. A Aneel estima que as tarifas de transmissão devem cair 0,71% com a revisão periódica e poderiam ser reduzidas em mais 0,11% se Eletrobrás for vendida. O efeito somado seria de -0,82%.

Ao pedir que a Aneel fizesse o estudo, o Ministério de Minas e Energia (MME) queria mostrar as perdas que a Eletrobrás causa por ser uma estatal. O resultado não causou surpresas no governo, já que as subsidiárias da empresa são líderes no número de obras atrasadas do setor.

Indenizações

O governo vai propor uma mudança na forma de cálculo das indenizações para as transmissoras de energia elétrica. A proposta fará parte do projeto de lei sobre a privatização da Eletrobrás, que deve ser fechado ainda nesta semana. O plano é propor às transmissoras que têm direito a indenizações que aceitem receber os valores em 25 anos, e não em 8, como estabelece a regra atual.

O dinheiro será pago por meio das tarifas e será corrigido pelo custo ponderado médio de capital (WACC) do setor de transmissão, indicador que deve reduzir os ganhos das empresas em R$ 3 bilhões, de R$ 34,5 bilhões para R$ 31,5 bilhões.

A vantagem, para quem aceitar a proposta, é a segurança jurídica, pois o acordo será firmado por meio de lei. A regulamentação anterior, que permitia correção mais alta, veio por uma portaria publicada pelo ex-ministro de Minas e Energia e senador Eduardo Braga (PMDB-AM), durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

O uso desse instrumento foi questionado na Justiça por associações de indústrias como Abrace, Abividro e Abiclor e, até agora, a Justiça deu ganho de causa para essas entidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AneelEletrobrasPrivatização

Mais de Economia

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições

Ministros apresentam a Lula relação de projetos para receber investimentos da China