Economia

Com menos de 2 meses, Guedes diz que nota de R$ 200 deve durar pouco

Serão impressas neste ano 450 milhões de unidades da nota de R$ 200, o que representará um montante de R$ 90 bilhões aos cofres públicos

Paulo Guedes: ministro afirmou que a criação de uma nota de mais alto valor ocorreu na contramão do que outros países têm feito (André Borges/Getty Images)

Paulo Guedes: ministro afirmou que a criação de uma nota de mais alto valor ocorreu na contramão do que outros países têm feito (André Borges/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 15h20.

Última atualização em 24 de maio de 2021 às 18h49.

Menos de dois meses após o Banco Central lançar oficialmente a nova cédula de 200 reais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta quinta-feira, 29, que a criação de uma nota de mais alto valor ocorreu na contramão do que outros países têm feito e projetou que a nova cédula terá pouca duração no Brasil.

"Criamos nota de 200 reais com lobo-guará porque tínhamos um problema de logística para pagarmos o auxílio emergencial. Com o Pix (sistema de pagamentos instantâneos do BC), o futuro é menos dinheiro na mão e notas mais simples. No futuro vai acabar o lobo-guará, a nota de 200 reais, a de 100 reais. Já, já o lobo-guará vai se aposentar, terá uma carreira curta", afirmou, em audiência pública na Comissão Mista do Congresso Nacional para o acompanhamento de medidas contra a covid-19.

    Serão impressas neste ano 450 milhões de unidades da nota de 200 reais, o que representará um montante de 90 bilhões de reais aos cofres públicos. De acordo com o BC, o custo de produção da nova nota é de 325 reais por 1.000 cédulas. Para comparação, a cédula de 100 reais custa 280 reais a cada 1.000 notas produzidas.

    Em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco criticou o lançamento da nova cédula. Ele cita uma conta de 2015 feita por Kenneth Rogoff, nos Estados Unidos, que mostra que há em circulação uma quantidade gigante de papel-moeda correspondente a algo como 4.200 dólares por pessoa (incluindo crianças) e 78% desse valor seria mantido em cédulas de 100 dólares. Mas essas cédulas de 100 dólares estariam concentradas no mundo da informalidade ou do crime.

    Ao transportar a conta de Rogoff para o Brasil, Franco afirma que se tem algo em torno de 1.098,7 reais per capita (incluindo crianças) em cédulas, sendo que cerca de metade seria em notas de 100 reais (cerca 90% em cédulas de 50 e 100 reais), ou seja, muito parecido com o resultado americano. As cédulas de maior valor não estão acessíveis à maior parte da população.

    Na Europa, segundo Franco, uma pesquisa do BCE Banco Central Europeu com usuários mostrava que 56% da amostra nunca tinha visto a cédula de 500 euros, apelidada, significativamente, de "bin-laden", e que deixou de ser fabricada em 2019 (mas não foi recolhida ou desmonetizada).

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