Economia

Com inflação e Black Friday fraca, vendas do comércio caem 0,6% em novembro

Queda nas vendas de combustíveis puxou resultado negativo. Inflação e juros mais elevados pesam no bolso das famílias

Comércio: o setor acumula alta de 1,1% no ano (Leandro Fonseca/Exame)

Comércio: o setor acumula alta de 1,1% no ano (Leandro Fonseca/Exame)

AM

André Martins

Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 09h43.

Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 09h45.

As vendas do comércio recuaram na passagem de outubro para novembro, após três meses no campo positivo. O volume de vendas caiu 0,6% em novembro, conforme mostram os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. Segundo o instituto, a Black Friday, uma das principais datas comerciais, não foi suficiente para aquecer as vendas.

Com o resultado, o setor acumula alta de 1,1% no ano e se encontra e 2,6% acima do patamar pré-pandemia, observado em fevereiro de 2020.

Combustível mais caro afeta consumo

Das oito atividades pesquisadas, seis tiveram resultados negativos em novembro. A queda de 5,4% no volume de vendas dos combustíveis foi a que mais pesou para o resultado de novembro, seguido do recuo de 3,4% no setor de equipamentos e material para escritório. Esta última foi impactada por uma Black Friday menos intensa, além de uma antecipação das ofertas nos meses anteriores.

Para o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, um dos fatores que explicam o resultado negativo do setor de combustíveis é a inflação.

"Novembro foi o primeiro mês em que os preços dos combustíveis voltaram a crescer após uma sequência de deflação que se iniciou em julho do ano passado. Isso impactou as receitas das empresas. Outro ponto é que novembro não é um mês de grandes movimentos nos transportes, já que as famílias costumam esperar para viajar em dezembro."

Já o volume de vendas do segmento de supermercados e produtos alimentícios - que pesa cerca de 50% no índice - caiu 0,2%. Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Cristiano Santos, essa atividade vem há dois meses em estabilidade.

Black Friday mais fraca

As demais atividades que ficaram no campo negativo foram livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%), tecidos, vestuário e calçados (-0,8%) e artigos de uso pessoal e doméstico (-0,3%). A Black Friday, uma das datas mais aguardadas pelos lojistas e pelos consumidores, não resultou em números muito positivos para o comércio varejista.

'Esse desempenho mais fraco da Black Friday contribui fortemente para o resultado negativo do setor varejista em novembro. As condições macroeconômicas, como a falta de crescimento de crédito, a alta dos juros, a estabilidade do valor do Auxílio Brasil e a volta da inflação, acabam impactando a renda das famílias e diminuem o consumo", explica Cristiano.

As únicas atividades que avançaram na comparação com outubro foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,7%) e móveis e eletrodomésticos (2,2%). Segundo o IBGE, o setor de artigos farmacêuticos foi mais beneficiado pela data. Isso porque há empresas ligadas à parte de perfumaria, que costumam ter mais promoções.

"Mas a atividade como um todo tem uma trajetória positiva, são empresas mais estáveis e as lojas não foram fechadas durante a pandemia. Também há aumentos de preços sazonais, que ocorrem normalmente nas suas épocas, e são produtos que não têm substituição, ou seja, as famílias não deixam de consumir", diz o gerente da pesquisa.

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