Carros: a expiração do programa pode explicar parte do avanço na compra de automóveis vindos de fora (Paulo Whitaker/Reuters)
Reuters
Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 17h25.
Brasília - As importações de automóveis para passageiros saltaram 58 por cento em janeiro sobre igual mês do ano passado, a 272 milhões de dólares, num movimento que pode guardar reflexo com o fim do Inovar Auto, divulgou o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) nesta quinta-feira.
Concebido no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, o Inovar Auto elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos importados, com prazo de vigência até dezembro. Em janeiro, portanto, os veículos importados passaram a não arcar mais com a sobretaxa.
Segundo o diretor de Estatísticas e Apoio às Exportações do MDIC, Herlon Brandão, a expiração do programa pode explicar parte do avanço na compra de automóveis vindos de fora.
"Ele pode estar relacionado com o fim do IPI do Inovar Auto, e também com a maior demanda interna", disse. Na véspera, o vice-presidente de assuntos governamentais e de estratégia para América do Sul da Ford, Rogelio Golfarb, afirmou que as vendas de veículos novos no Brasil em janeiro até o dia 29 subiram quase 23 por cento sobre o mesmo período de 2017.
Na comparação com janeiro do ano passado, a importação de veículos da Alemanha, por exemplo, subiu de 8,8 milhões para 26,8 milhões de dólares.
Em relação aos automóveis vindos da Coreia do Sul, o aumento foi de 4,4 milhões para 24 milhões de dólares. As compras de veículos do Japão, por sua vez, cresceram de 7,6 milhões para 21 milhões de dólares em janeiro deste ano. As da Suécia passaram de 1,2 milhão para 6,1 milhões de dólares e, da China, de 1,6 milhão para 3 milhões de dólares.
Brandão ressalvou, por outro lado, que em termos de unidades, foram comprados 4.292 veículos a mais em janeiro sobre um ano antes, sendo mais da metade -- 2.415 -- vindos da Argentina, que não é afetada pelo fim do Inovar Auto, pois, assim como o México, é um país com o qual o Brasil já possui acordo automotivo.
Diante do aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e crescimento da renda, "é natural que aumente a demanda por importação de automóveis", ressaltou Brandão.
Em 2017, a fatia dos importados nas vendas de veículos novos no Brasil caiu a 10,9 por cento, menor nível desde pelo menos os 10 anos anteriores. A expectativa da associação de montadoras, Anfavea, é que a participação cresça para 15 por cento neste ano.
Brandão lembrou que apesar da expansão da importação sobre janeiro de 2017, as compras de veículos importados na realidade caíram em relação à dezembro, quando somaram 291,1 milhões de dólares, e novembro, quando alcançaram 328,7 milhões de dólares. Nestes meses, o Inovar Auto ainda seguia em vigência.
O governo do presidente Michel Temer iniciou discussões sobre um novo regime automotivo, o Rota 2030, de mais longo prazo que o Inovar Auto, mas até agora não conseguiu acordo sobre as novas diretrizes em meio a críticas do Ministério da Fazenda, que tenta controlar o quadro de desequilíbrio fiscal do país.
O Inovar-Auto foi considerado fora das regras pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por diferenciar veículos produzidos no Brasil e importados.