Economia

Com fim da Copa, 37 mil temporários podem ser demitidos

Trabalhadores permaneciam empregados desde o último verão, à espera do aumento na demanda durante o evento


	Torcida na Vila Madalena, em São Paulo, durante a Copa do Mundo de 2014
 (Priscila Zuini/Exame.com)

Torcida na Vila Madalena, em São Paulo, durante a Copa do Mundo de 2014 (Priscila Zuini/Exame.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2014 às 23h22.

Rio - Terminada a Copa do Mundo, o setor de serviços pode dispensar até 37 mil trabalhadores temporários que permaneciam empregados desde o último verão, à espera do aumento na demanda durante o evento.

Esse é o número de contratados em regime temporário que permaneciam trabalhando em junho e julho nos hotéis, bares e restaurantes das cidades que receberam jogos do Mundial, segundo estimativas da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).

O movimento de dispensa desses trabalhadores pode afetar a taxa de desemprego no País, que vem atingindo mínimas históricas mês a mês.

A entidade leva em consideração um aumento sazonal de 5% no número de funcionários no setor durante a alta temporada. Normalmente, esses temporários são dispensados após o carnaval, mas, este ano, os contratos teriam sido prolongados até a Copa.

"Pode ser que as dispensas ocorram agora ou só no fim de julho, porque ainda tem duas semanas de férias. Mas eu soube que em Natal, por exemplo, a temporada este ano está ruim, as pessoas deixaram de viajar por causa da Copa, então já pode ter dispensa", alertou o presidente da FBHA, Alexandre Sampaio.

Ano atípico

O fenômeno também ocorre em São Paulo. A cidade, que registrou queda no turismo empresarial por causa do Mundial, dificilmente deve recuperar o seu movimento original nos próximos meses, em parte, por conta da proximidade das eleições.

"Não vai haver tantos eventos para aumentar a demanda pelos hotéis. É um ano atípico, que envolve Copa e eleições. As pessoas não costumam investir nessa época, não vão abrir tantos restaurantes", considerou Sampaio.

Confiança em queda

A percepção das empresas de serviços para o emprego nos próximos meses vem piorando, acompanhando a deterioração do humor dos empresários do setor.

Segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a confiança do setor de serviços, após quatro quedas consecutivas, atingiu em junho o menor patamar desde abril de 2009, ficando em 103,5 pontos.

"É um setor que emprega muito e ainda vem sustentando algum saldo de geração de vagas no mercado de trabalho. Mas a percepção das empresas para o emprego no setor tem tendência declinante, que se acentua nos últimos três meses", contou o economista Silvio Sales, consultor do Ibre/FGV. "A queda na confiança provavelmente impacta na intenção de contratação nos próximos três meses."

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que atividades relacionadas ao turismo contrataram 47,9 mil trabalhadores entre abril e junho, o que aumentaria ainda mais o potencial de dispensados ao fim da Copa.

Os Estados que receberam partidas do Mundial seriam responsáveis por 29,5 mil dessas novas vagas.

"O enxugamento (de empregados) já está acontecendo. Esse verão foi esticado por causa da Copa do Mundo. A contenção desses temporários, assim como ajudou a baixar a taxa de desemprego um pouco antes da Copa, vai atrapalhar depois", disse Fabio Bentes, economista da CNC.

A última taxa de desemprego conhecida para o total das seis principais regiões metropolitanas do País é de abril, 4,9%, a menor para o mês desde o início da Pesquisa Mensal de Emprego, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 2002.

Os dados de maio foram divulgados sem as informações de Salvador e Porto Alegre, por causa da greve de servidores no órgão.

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