Porto de Santos: balança comercial de 2023 deve registrar recorde histórico (Germano Lüders/Exame)
Editor de Macroeconomia
Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 06h03.
Última atualização em 5 de janeiro de 2024 às 08h31.
A Secretaria de Comércio Exterior do MDIC apresenta nesta sexta-feira, a partir das 15h, os dados consolidados da balança comercial brasileira para o ano de 2023. A expectativa é de que o saldo comercial do país no ano passado seja superior a US$ 90 bilhões. Se confirmado, será o maior resultado da série histórica, que começou em 1989.
O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, e a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, participam da abertura virtualmente. A apresentação dos dados será feita pelo diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, Herlon Brandão, e pelo coordenador-geral de Estatísticas, Saulo Castro.
Nas contas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) no relatório "Visão Macro" de dezembro, o país deve fechar o ano de 2023 com um saldo da balança comercial acima de US$ 95 bilhões, um recorde histórico e um crescimento de mais de 50% em relação ao resultado do ano passado. "O maior saldo da balança comercial tem contribuído para aumentar o fluxo total de dólares para o País que, este ano, será o maior desde 2011", escrevem os analistas do banco.
O governo estima um número próximo: US$ 93 bilhões, segundo informou o MDIC em outubro.
O BTG pontua que o superávit comercial mudou de patamar. Agora, estima valores próximos de US$100bilhões em 2023, 2024 e 2025.
Para este ano, com a queda da produção de commodities agrícolas, o banco estima uma redução do saldo da balança comercial para US$ 87 bilhões — ainda assim, o segundo melhor resultado da série histórica. Em 2025, com a recuperação da produção de grãos e o crescimento da produção de petróleo, os analistas projetam a possibilidade de um saldo de balança comercial perto de US$ 100 bilhões
"O nível da balança comercial nos próximos anos será estruturalmente mais elevado do que o observado até 2022 em função do significativo crescimento da produção de petróleo e do aumento da produtividade no setor agropecuário", pontuam os analistas do BTG.
Na avaliação do banco, os saldos comerciais robustos manterão o déficit em transações correntes em "baixo patamar" — próximo a 1,5% do PIB —, que será facilmente financiado pelo investimento estrangeiro direto no País. "O expressivo superávit comercial em conjunto com outros fundamentos domésticos e externos são compatíveis com uma taxa de câmbio de R$4,80/US$ no próximo ano", destacam.
O provável recorde será divulgado após chamadas públicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que a corrente de comércio brasileiro sonhe em chegar a US$ 1 trilhão. Atualmente, entre importações e exportações, essa quantia se aproxima de 600 bilhões de dólares.
Em boa medida, o crescimento estrutural da balança comercial se deve ao significativo crescimento da produção de petróleo na camada do pré-sal e do aumento da produtividade no setor agropecuário.
"A produção de petróleo cresceu 20% nos últimos sete anos. Apenas em 2023, a produção deve crescer entre 12% e 13% e, para 2024, nossa expectativa é de alta adicional de mais de 10%. Assim, o crescimento será maior em dois anos do que nos últimos sete, o que contribuirá para aumentar as exportações do produto mesmo com a redução esperada em seu preço", escrevem os analistas do BTG.
Nas projeções do banco, a balança de petróleo e derivados crescerá de US$ 25 bilhões em 2023 para US$ 32 bilhões em 2024 e US$ 37 bilhões em 2025.
Nos últimos 20 anos, o Brasil se tornou uma potência exportadora — especialmente em commodities como grãos e petróleo. Na edição de setembro, a revista EXAME trouxe um gráfico que ilustra essa mudança (e pode ser visto abaixo).
Em suma, o gráfico mostra como a soja e o petróleo expandiram a sua participação na porcentagem do que é exportado pelo país.
Em 2022, a soja, o petróleo e o minério de ferro representaram um terço das exportações brasileiras em valores; os dez produtos mais importantes responderam por 54%. Já em 2002, 20 antes portanto, a soja, o minério de ferro e o petróleo já estavam entre os primeiros produtos em termos de percentual na pauta, mas também estavam presentes aviões e automóveis.
Com o crescimento da produção petróleo, essa tendência deve seguir. E com isso, o desafio de agregar valor à pauta exportadora do país.