Dólar: no Brasil, por exemplo, o dólar já subiu cerca de 50 por cento desde o começo do ano (Ingram Publishing/ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2015 às 11h19.
Brasília - As moedas de países emergentes devem continuar desvalorizando nos próximos meses, incluindo o real, em meio aos sinais de desaceleração generalizada das economias dessas regiões, segundo pesquisa da Reuters publicada nesta quarta-feira.
As projeções para o dólar ante moedas de países como o Brasil, Turquia e África do Sul indicam que a moeda norte-americana deve atingir novas máximas nos próximos meses, mesmo com a hesitação do Federal Reserve, banco central norte-americano, em subir os juros.
Os estrategistas de câmbio dos principais bancos têm previsto a valorização do dólar há meses, mas foram surpreendidos pela magnitude da alta.
No Brasil, por exemplo, o dólar já subiu cerca de 50 por cento desde o começo do ano e deve avançar mais em relação ao fechamento de setembro (3,9655 reais), para 4,1495 reais em 12 meses, segundo a mediana de 28 projeções.
Embora não tenha havido parada súbita nos fluxos de capital como em crises anteriores, o dinheiro tem saído constantemente dos países emergentes à medida que essas economias perdem força e as dívidas das empresas locais se tornam mais arriscadas: 2015 deve ser o primeiro de saída líquida de capitais das economias emergentes desde 1988, segundo o Instituto Internacional de Finanças.
Com o fraco crescimento esperado para a China e outros países emergentes, esse cenário não deve mudar tão cedo.
"Uma recuperação sustentável dos mercados emergentes vai continuar fora de alcance. Na verdade, o melhor que dá para esperar de 2016 é uma estabilização, não uma recuperação," afirmaram estrategistas do banco Brown Brothers Harriman, liderados por Win Thin, em nota.
No Brasil, o cenário é um pouco diferente. O fluxo cambial estava positivo em 11,103 bilhões de dólares no ano até o dia 25 de setembro.
As economias emergentes devem crescer apenas 4 por cento neste ano, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), taxa muito baixa para acomodar as crescentes dívidas desses países e estimular a economia global.
O Brasil deve encolher quase 3 por cento este ano, segundo a pesquisa semanal Focus do Banco Central com economistas, puxando o resto da América Latina para baixo.
As taxas de câmbio desvalorizaram tanto que, em muitos casos como no Brasil e na África do Sul, elas já têm sido consideradas abaixo do valor justo. Porém, com a fraqueza das economias, têm aumentado os riscos de rebaixamento por agências de risco, o que afugenta potenciais investidores.
"Não achamos que a África do Sul esteja à beira do precipício, em termos do grau de investimento. Mas pode haver sério risco de perder essa classificação em dois anos, se o crescimento desapontar até 2017," disse o analista do Bank of America Merrill Lynch, Matthew Sharratt.
A forte alta do dólar levou muitos governos a aumentarem a intervenção nos mercados, do Brasil à Indonésia. A venda de reservas ou de swaps cambiais, ajudou a reduzir a volatilidade em alguns casos, mas precisa ser feita com cuidado para não acabar sendo prejudicial, segundo analistas.
No caso do México, por exemplo, o aumento da intervenção poderia desvalorizar em vez de valorizar o peso, pois aumentaria as preocupações com a política fiscal do país, segundo o estrategista do Credit Suisse, Alvise Marino.
"Um aumento no tamanho das intervenções sistemáticas poderia ser contraproducente porque diminuiria o nível das reservas mais rapidamente e aumentaria os custos a um orçamento já enxuto."