Economia

Com dados ruins, governo vê menos abertura de vagas formais

País registrou abertura de apenas 25.363 vagas de trabalho no mês passado, o pior resultado desde 1998


	Ministro Manoel Dias divulga os dados do Caged relativos ao mês de junho
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Ministro Manoel Dias divulga os dados do Caged relativos ao mês de junho (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2014 às 16h30.

Brasília - O Brasil registrou abertura de 25.363 vagas formais de trabalho no mês passado, no pior resultado para meses de junho desde 1998, e que levou o governo a reduzir fortemente sua previsão de geração de postos neste ano.

Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado nesta quinta-feira pelo Ministério do Trabalho e ficaram muito aquém do esperado, com elevadas demissões no mês passado de trabalhadores nos setores da indústria, construção civil e no comércio.

Pesquisa da Reuters feita com analistas de mercado mostrou que a mediana das expectativas era de abertura de 82 mil vagas em junho.

Em maio, haviam sido criados 58.836 postos com carteira assinada, sem ajustes. O resultado do mês passado foi o pior para junho desde 1998, quando haviam sido abertos 18.097 postos, sem ajustes.

Diante desse cenário, o ministério reduziu para 1 milhão a previsão de geração líquida de emprego para este ano, abaixo da projeção anterior de contratação entre 1,4 milhão e 1,5 milhão de pessoas em 2014.

Segundo o ministro do Trabalho, Manoel Dias, essa mudança veio em função dos resultados vistos até agora.

O mercado de trabalho --uma das âncoras do governo da presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição neste ano-- tem mostrado sinais de deterioração diante da economia fraca, sem sinal de crescimento consistente e com a confiança dos agentes econômicos em baixa.

No acumulado do primeiro semestre deste ano, segundo o Caged, o mercado formal de trabalho registrou a contratação líquida de 493.118 pessoas, sem ajuste.

Considerando o dado com ajuste, entre janeiro e junho as contratações somaram 588.671 trabalhadores, pior resultado para o período desde 2009, auge da crise internacional, quando as contratações foram de 397.936.

Em 2013, o mercado de trabalho registrou a oferta líquida de 730.687 vagas no dado sem ajuste, no pior desempenho em dez anos. Considerando os dados com ajuste as contratações somaram 1,128 milhão.

Junho

O dado ruim de junho foi impactado por elevadas demissões nos principais setores da economia, informou o Caged.

A indústria da transformação registrou demissão líquida de 28.553 trabalhadores, a construção civil teve desligamento líquido de 12.401 operários e comércio dispensou 7.070 trabalhadores.

O que impediu um resultado mais desastroso foram as contratações líquidas de 40.818 pessoas na agricultura e de 31.143 trabalhadores no setor serviços, apesar de terem perdido fôlego se comparado com o mês anterior.

"Esperava mais contratações, não existia indicativo desse resultado. O causador da redução foi a indústria, com demissão líquida em todos os segmentos do setor", disse Dias.

Depois de crescer 2,5 por cento em 2013, as projeções de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano rondam 1 por cento, ao mesmo tempo em que a inflação continua elevada.

Na última pesquisa Focus feita pelo Banco Central, economistas previram que a inflação encerrará 2014 em 6,48 por cento, enquanto o crescimento deverá ficar em 1,05 por cento.

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