Economia

Com coronavírus, Fitch corta projeção de crescimento da China para 5,5%

Estimativa anterior era de 5,9%; o desempenho de setores de turismo, varejo e transportes será prejudicado

China: país é o epicentro do coronavírus e já registra mais de 20 mil infectados além de mais de 500 mortes (SOPA Images/Getty Images)

China: país é o epicentro do coronavírus e já registra mais de 20 mil infectados além de mais de 500 mortes (SOPA Images/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 6 de fevereiro de 2020 às 15h56.

São Paulo - A epidemia de coronavírus vai reduzir o crescimento da economia chinesa de 5,9% para 5,5% este ano. A nova estimativa foi feita pela diretora-sênior da agência de classificação de risco FitchRatings, Shelly Shetty, durante evento da Fitch realizado em São Paulo.

Em dezembro passado, a agência tinha uma expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês crescesse 5,7% neste ano. Em janeiro, com a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre a China e os EUA, a estimativa havia sido revisada para 5,9%.

- Agora, os riscos trazidos pelo coronavírus são mais importantes. Comparado com a SARs (epidemia que atingiu a China entre 2002 e 2003), o coronavírus se dissemina mais rapidamente e pode ter repercussões globais. Por isso, a expectativa de crescimento agora é de 5,5% - disse Shetty.

A Fitch vai acompanhar qual será a resposta das autoridades chinesas frente ao problema. Deve ocorrer uma queda no crédito e nos investimentos, afirmou a diretora da agência. Ela acredita, entretanto, que o "governo está mais ciente de seu papel de oferecer estímulos à economia".

Desde a volta do feriado de Ano Novo lunar, na segunda-feira, o governo chinês injetou cerca de US$ 242 bilhões no mercado para tentar evitar depreciação no valor das ações e dos títulos públicos.

- Nos últimos cinco anos, o governo estabeleceu como meta um crescimento de 6,5%. Agora vamos ver se vai se concentrar em um número específico - afirmou Shetty.

Ying Wang, diretora executiva da Fitch e responsável por pesquisas sobre a China, disse que os setores de turismo, transportes e varejo são os primeiros a sentir os efeitos da doença. Em seguida, os segmentos da indústria que utilizam mão de obra intensiva, como construção, também devem sentir os impactos negativos.

- Essas empresas já estão voltando mais tarde ao trabalho (depois do feriado de Ano Novo) e, se o vírus não for contido, podem atrasar a volta ainda mais. Isso vai provocar um problema de liquidez, especialmente para empresas que não são governamentais - disse Wang.

Para ele, esse cenário também levará a dificuldades para refinanciamento de dívidas dessas companhias. A inadimplência do setor privado em 2019 ficou em 5%.

Nesta quinta-feira, a China anunciou que reduzirá à metade as tarifas adicionais que incidem sobre 1.717 bens importados dos Estados Unidos desde setembro passado, mesmo com o avanço da  epidemia do coronavírus.  A redução estava prevista na 'fase 1' do acordo comercial com os EUA, que trouxe uma trégua à guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

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