A gasolina aparece como maior fonte de pressão, ao ficar 3,32% mais cara, enquanto o etanol subiu 4,22% (Ricardo Moraes/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de setembro de 2018 às 14h16.
São Paulo - Em meio à contínua elevação do dólar, o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Guilherme Moreira, aumentou a projeção para o indicador deste mês. "Passou de 0,28% para 0,31%, e tem parcela importante do câmbio", diz.
Apesar da elevação, o IPC-Fipe pode ficar menor que o de agosto (0,41%), porém, deve ser maior que o de setembro de 2017 (0,02%). Diante das pressões recentes, Moreira adianta que a projeção de 3,25% para o IPC do ano deve ser elevada.
Ainda que os efeitos da desvalorização cambial estejam mais visíveis nos preços da gasolina, o economista cita que alguns preços já estão avançando consideravelmente. Ele menciona, por exemplo, a parte de massas, farinhas e féculas, com alta de 3,21% na terceira quadrissemana do mês (ante 2,54%), com elevação de 5,45% da farinha de trigo, após 3,73% na segunda leitura do mês. "São variações consideráveis, e estão começando a captar os impactos do dólar. O segmento de óleos também está com alta importante. O azeite passou de 2,48% para 3,61%", diz.
Na terceira quadrissemana do mês, o IPC-Fipe acelerou a alta a 0,36%, após 0,30% na segunda medição. Dentre os destaques de aceleração, o coordenador menciona o grupo Alimentação, cuja taxa passou de queda de 0,43% para recuo de 0,01%, e o de Transportes, que avançou de 0,13% para 0,59%.
Em Transportes, a gasolina aparece como maior fonte de pressão, ao ficar 3,32% mais cara (ante 1,44%), enquanto o etanol subiu 4,22% depois de ceder 0,18% na segunda leitura do mês. Além disso, as passagens aéreas (8,90% ante 10,07%) continuaram influenciando o grupo Transportes. "Na gasolina, o efeito do câmbio já é visível, mas tem aparecido em outros produtos. Não tem como escapar", diz.
Conforme Moreira, o impacto da alta do dólar tende a continuar pressionando os preços na cidade de São Paulo, embora ainda em ritmo menos intenso que o esperado por conta da demanda reprimida. "Essa contaminação é natural e está lenta, mas não tem como segurar. Porém, ainda não preocupa, pois a inflação segue muito baixa", explica.