Economia

Com alta dos preços da carne, BC prevê inflação de 0,81% em dezembro

Caso se concretize, a alta de 1,80% no trimestre será consideravelmente superior à variação de 0,90% observada entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019

Açougue: carne puxou inflação de novembro para cima e deve fazer subir a de dezembro (NurPhoto/Getty Images)

Açougue: carne puxou inflação de novembro para cima e deve fazer subir a de dezembro (NurPhoto/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 09h34.

Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 09h36.

São Paulo — A inflação deve acelerar em dezembro deste ano, devido a alta dos preços da carne. Apesar da alta recente, o Banco Central (BC) considera que a inflação neste ano e nos próximos está em níveis confortáveis. A informação foi divulgada hoje (19) no Relatório de Inflação, apresentado trimestralmente.

No relatório, o BC diz que em novembro a inflação ficou 0,26 ponto percentual acima do projetado, "repercutindo a combinação da elevação acentuada nos preços de carnes com o reajuste dos jogos lotéricos e o acionamento da bandeira vermelha" da energia elétrica.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em novembro chegou a 0,51%.

O BC projeta que a inflação vai chegar a 0,81% em dezembro. Em janeiro de 2020 deve ficar em 0,53% e em fevereiro, em 0,45%.

Caso se concretize, a alta de 1,80% no trimestre será consideravelmente superior à variação de 0,90% observada entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. "As taxas de inflação mais altas esperadas para o trimestre encerrado em fevereiro, em comparação com as observadas entre setembro e novembro, refletem a perspectiva de alta adicional nos preços de carnes, recuperação dos preços de alimentos in natura- movimento compatível com período chuvoso - e de elevação dos preços de combustíveis, influenciados pela depreciação do câmbio [alta do dólar] e entressafra da cana. Destacam-se, ainda, as altas sazonais nos custos de passagem aérea, ônibus urbano e educação, em dezembro, janeiro e fevereiro, respectivamente", diz o BC, no relatório.

Cenários

Ao se considerar o cenário com trajetórias para a taxa de juros e câmbio extraídas da pesquisa do BC a instituições financeiras, chamada de Focus, as projeções para a inflação ficaram em 4% para 2019, 3,5% para 2020 e 3,4% para 2021 e para 2022.

Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2019 em 4,50% ao ano, reduz-se para 4,25% ao ano no início de 2020, encerra o período em 4,50% ao ano, sobe até 6,25% ao ano em 2021 e para 6,50%, em 2022. Também supõe trajetória para o dólar que termina 2019 em R$ 4,15, 2020 em R$ 4,10 e 2021 e 2022 em R$ 4.

No cenário com trajetória de taxa de juros da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante em R$ 4,20, as projeções para a inflação ficaram em 4% para 2019, 3,7% para 2020, 3,7% para 2021 e 3,5%, para 2022.

Meta de inflação

Cabe ao BC alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Essa meta é 4,25% em 2019, 4% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

O principal instrumento usado pelo BC para controlar a inflação é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Quando o Comitê de Política Monetária aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCarnes e derivadosInflação

Mais de Economia

Governo reduz contenção de despesas públicas de R$ 15 bi para R$ 13 bi e surpreende mercado

Benefícios tributários farão governo abrir mão de R$ 543 bi em receitas em 2025

“Existe um problema social gerado pela atividade de apostas no Brasil”, diz secretário da Fazenda

Corte de juros pode aumentar otimismo dos consumidores nos EUA antes das eleições