Economia

CNI reduz projeção de alta do PIB industrial de 1,1% para 0,4% em 2019

Para a entidade, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá neste ano 0,9%

Indústria: de acordo com a CNI, uma série de fatores vem impedindo a recuperação mais rápida da indústria. Entre eles, a baixa demanda doméstica e até mesmo externa (Germano Luders/Exame)

Indústria: de acordo com a CNI, uma série de fatores vem impedindo a recuperação mais rápida da indústria. Entre eles, a baixa demanda doméstica e até mesmo externa (Germano Luders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de julho de 2019 às 11h41.

Última atualização em 25 de julho de 2019 às 11h42.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu as estimativas para o crescimento da economia e da indústria brasileiras em 2019. Para a entidade, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá neste ano 0,9% ante a previsão anterior, de abril de uma expansão de 2%.

Já o PIB industrial terá uma alta de apenas 0,4%, segundo as novas estimativas, abaixo do 1,1% previsto no primeiro trimestre. "É um resultado decepcionante. A economia mantém-se muito próxima da estagnação desde o fim da crise", diz o Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira pela CNI.

De acordo com documento, uma série de fatores vem impedindo a recuperação mais rápida da indústria. Entre eles, a baixa demanda doméstica e até mesmo externa. Essa falta de demanda vem gerando acúmulo de estoques, destaca a CNI.

O Informe traz uma redução na previsão de crescimento do consumo das famílias para este ano, de 2,2% para 1,5%. A estimativa para o aumento do investimento caiu de 4,9% em abril para 2,1% agora.

A entidade prevê ainda que a taxa de desemprego continuará alta e atingirá 12,1% da força de trabalho. "O consumo não reage, o investimento continua travado e as exportações apresentam dificuldades. Portanto, as fontes privadas de demanda seguem sem capacidade de promover a necessária reativação da economia", afirma o Informe Conjuntural.

No documento, a CNI destaca que o segundo trimestre do ano trouxe nova frustração quanto ao crescimento da economia. "Os dados disponíveis até o momento sugerem estabilidade ou, na melhor das hipóteses, um crescimento de 0,2% frente ao primeiro trimestre. Os dados preliminares de junho, em especial, consolidam a redução das expectativas para o trimestre e contaminam as expectativas para o trimestre seguinte", diz o Informe.

Para a entidade, a liberação de parte dos recursos das contas do FGTS pode impulsionar o consumo, mas não é uma solução única. "Não é uma solução única para reativar o consumo, mas irá contribuir no curto prazo enquanto as medidas mais estruturais se materializam", afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo.

A indústria sugere ainda que o governo adote outras medidas para estimular a demanda no curto prazo, como a redução de juros e o estímulo ao crédito. "A queda dos juros é mais importante no curto prazo, pois seus efeitos já se farão sentir na cadeia de financiamento. Não faz sentido manter a taxa de juros se a economia se encontra estagnada e não há pressões de inflação", completa Azevedo em nota divulgada pela CNI.

A CNI destaca ainda a necessidade dessas medidas de curto prazo serem complementadas com ações estruturais para a economia retomar o crescimento sustentado. Essa agenda inclui, segundo a entidade, a conclusão da aprovação da reforma da Previdência, a reforma tributária, os avanços nas privatizações e o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios.

Previsões

O Informe Conjuntural traz ainda previsão para os juros básicos da economia ao final de 2019. A taxa de juros, atualmente em 6 5% ao ano, deve ser reduzida já na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para os dias 30 e 31 de julho, na avaliação da CNI.

A entidade prevê que a taxa de juros feche 2019 em 5,25% ao ano. "A inflação baixa, o fraco desempenho da economia, a valorização do real frente ao dólar e o movimento global de redução dos juros permitirão um novo ciclo de cortes na taxa Selic", destaca a CNI.

A entidade também prevê que a dívida bruta do setor público atingirá 79,2% do PIB. Para o dólar, as projeções da CNI apontam para uma taxa de câmbio de R$ 3,75 em dezembro. "A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno reduziu as incertezas e ajudou a estabilizar o câmbio", afirma.

A expectativa para o saldo da balança comercial neste ano é de um superávit de US$ 48 bilhões, ante uma projeção de US$ 45 bilhões de abril.

Acompanhe tudo sobre:CNI – Confederação Nacional da IndústriaIndústriaPIB

Mais de Economia

Governo avalia mudança na regra de reajuste do salário mínimo em pacote de revisão de gastos

Haddad diz estar pronto para anunciar medidas de corte de gastos e decisão depende de Lula

Pagamento do 13º salário deve injetar R$ 321,4 bi na economia do país este ano, estima Dieese

Haddad se reúne hoje com Lira para discutir pacote de corte de gastos