Economia

CNI: indicadores mostram acomodação na atividade

A confederação atribuiu a perda de competitividade dos produtos brasileiros à valorização do câmbio

O destaque positivo do estudo da CNI foi o setor de "outros equipamentos de transporte" - que engloba produtos como motocicletas e elevadores (Divulgação/EXAME)

O destaque positivo do estudo da CNI foi o setor de "outros equipamentos de transporte" - que engloba produtos como motocicletas e elevadores (Divulgação/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2011 às 18h16.

Brasília - A divulgação hoje dos "Indicadores Industriais" pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) trouxe vários números que apresentam sinais de acomodação nos níveis de atividade. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) ficou em 82,3%, ante 82,5 em maio, considerando dados dessazonalizados. De acordo com a confederação, o faturamento real foi o único indicador que cresceu em junho (0,7%) na comparação com o mês anterior, também com dados dessazonalizados.

"Em junho, os resultados mostram mais os efeitos do aperto da política monetária e de crédito, que vem desde o fim de 2010, com as medidas macroprudenciais. E o ciclo de elevação dos juros, que começou em janeiro", destacou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, em entrevista hoje à tarde. Ele citou ainda a valorização do câmbio como um fator que provoca perda de competitividade muito forte nos produtos brasileiros. "Principalmente na competição com as exportações, crescentes em nosso mercado", disse. Ou seja, o resultado não tão positivo não conta com nenhuma eventual contaminação de problemas na economia internacional.

De acordo com a CNI, os indicadores setoriais demonstram "perda de ritmo". Dos 19 setores considerados, apenas cinco registraram queda do faturamento em junho, em relação a junho de 2010. No entanto, em sete setores a variação do faturamento foi menos intensa ou passou a ficar negativa, na passagem de maio para junho.

O destaque positivo do estudo da confederação foi o setor de "outros equipamentos de transporte" - que engloba produtos como motocicletas e elevadores, entre outros itens. Houve crescimento, na comparação de junho deste ano com o mesmo período de 2010, de 78,5% no faturamento, uma alta de 10,7% nas horas trabalhadas e uma elevação de 7,2% no emprego. Em situação oposta ficou o setor de têxteis, com queda de 11,5% no faturamento, de 3,2 pontos percentuais na capacidade instalada e de 4,3% na massa salarial, na comparação com junho de 2010.

Já em relação à crise econômica internacional, a CNI destaca que seu acirramento poderá ter impactos sobre o Brasil. "Se os principais centros dinâmicos do mundo mostram dificuldades crescentes, evidentemente isso deve ter efeito sobre a economia brasileira. Um menor crescimento da economia mundial vai criar um espaço menor para a gente crescer", disse Castelo Branco. Mas mesmo considerando a hipótese de que alguns "respingos" da crise cheguem ao Brasil, ele avalia que ainda haverá espaço para a manutenção do crescimento da economia nacional, já que existem fatores positivos que envolvem a atual situação econômica interna.

"A inflação já está dando sinais de acomodação", destacou Castelo Branco. Segundo ele, há também espaço para corte dos juros, pelo Banco Central, e de aumento da oferta de crédito. Para ele, a demanda interna, impulsionada pela renda das famílias, é um grande trunfo que o Brasil tem diante de eventuais agravamentos na economia global. Castelo Branco destacou a importância dos mecanismos de apoio à indústria nacional, lançados pelo governo na semana passada (o Plano Brasil Maior), e do controle da inflação.

Para manter esse cenário interno positivo, Castelo Branco lembrou ainda a necessidade de o governo continuar mantendo as contas públicas sob controle. "A política fiscal deve permanecer atenta. Devemos olhar com atenção as crises na Europa e nos Estados Unidos, que são crises fiscais. Não se pode perder o foco do controle fiscal no Brasil e, eventualmente, a resposta que pode ser dada é por via da política monetária", concluiu.

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