Economia

CNI descarta tendência de queda da atividade industrial

Segundo economista da confederação, houve uma interrupção do crescimento em maio devido à alta volatilidade


	Ávila disse que a volatilidade vai continuar e que, por isso, descarta um cenário contínuo de alta ou de queda. O economista informou que a CNI ainda aposta em uma alta da indústria de 1% neste ano
 (REUTERS/Rebecca Cook)

Ávila disse que a volatilidade vai continuar e que, por isso, descarta um cenário contínuo de alta ou de queda. O economista informou que a CNI ainda aposta em uma alta da indústria de 1% neste ano (REUTERS/Rebecca Cook)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2013 às 16h57.

Brasília - O economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Marcelo de Ávila afirmou que, apesar da retração dos indicadores industriais em maio, a entidade não acredita em um início de tendência de queda da atividade no setor. Segundo ele, houve uma interrupção do crescimento em maio devido à alta volatilidade.

"Em 2013, a característica clara dos indicadores é a volatilidade. Não se consegue ter três meses de queda ou três meses de alta. Isso dificulta as previsões de demanda dos empresários e a nossa capacidade de fazer estatísticas", afirmou a jornalistas nesta segunda-feira, 08, ao comentar o balanço da CNI referente a maio.

Ávila disse que a volatilidade vai continuar e que, por isso, descarta um cenário contínuo de alta ou de queda. O economista informou que a CNI ainda aposta em uma alta da indústria de 1% neste ano. Segundo ele, a confederação também espera um crescimento da indústria no segundo trimestre, mas se preocupa com o que pode ocorrer neste segundo semestre, já que algumas entidades preveem retração da economia no período. A CNI mantém uma projeção de crescimento da economia brasileira de 2% este ano.

O economista relatou que o que mais surpreendeu nos dados de maio foi a forte queda nas horas trabalhadas. O indicador ainda não voltou ao patamar anterior ao da crise de 2008. Ele avalia que as horas trabalhadas terão uma tendência de queda nos próximos meses, porque a indústria continua com dificuldade de mostrar crescimento. Com a queda de 3,6% em maio ante abril, o indicador voltou ao mesmo patamar de fevereiro de 2010.

O chamado "efeito carregamento" do ano, até maio, está em apenas 0,3%, o que não garante, ainda, um crescimento das horas trabalhadas em 2013. Ele adverte que, se houver um desempenho muito negativo nos próximos meses, o indicador pode até fechar o ano em queda.

Ávila estima que o faturamento real, medido pelas vendas, continua com tendência de crescimento ao longo do ano. Segundo ele, uma explicação para que o faturamento esteja crescendo, enquanto as horas trabalhadas tiveram queda em maio, é o aumento dos estoques nos últimos meses. De acordo com o economista, há um dificuldade de continuar o processo de crescimento do consumo das famílias. Destacou que os estoques mais elevados se concentram, principalmente, nas grandes indústrias. Ele também acredita que o uso maior de componente importado por unidade de produção afeta as horas trabalhadas.

"O cenário atual é difícil para que o empresário possa antever a sua demanda nos próximos meses e está havendo um acúmulo de estoque indesejado", avaliou. Por outro lado, Ávila não espera uma onda de demissão na indústria de transformação. Segundo ele, o emprego continua no mesmo patamar há três anos. Isso porque, apesar das dificuldades, a indústria tem problemas com mão de obra qualificada.

"Mesmo não tendo crescimento na indústria, a gente percebe que há uma retenção de mão de obra. Primeiro porque é caro demitir e segundo porque a empresa já investiu em um processo de qualificação da mão de obra", explicou. De acordo com o economista, o número de vagas fechadas por causa da crise de 2008 foi recuperado.

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