Funcionário de construção: a alta rotatividade entre os trabalhadores é apontada por 61% dos empresários como a principal dificuldade para investir em qualificação (Mike Blake/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2013 às 13h34.
Brasília - A falta de trabalhadores qualificados atinge 74% das empresas da indústria da construção brasileira. O dado está presente no estudo "Sondagem Especial - Indústria da Construção", divulgado nesta quinta-feira (7) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A entidade alerta que o índice da indústria da construção é maior que o dos segmentos extrativo e de transformação, nos quais a taxa é de 65%. A CNI explica que a construção ficou estagnada por um longo período e, quando voltou a crescer, sentiu um grande déficit de mão de obra.
Na construção, o problema afeta ainda mais os negócios de maior porte. Entre as pequenas, 64% têm dificuldades para encontrar mão de obra capacitada. Entre as médias, são 77%. Nas grandes, verificou-se o maior porcentual: 81%.
Segundo os empresários, esse problema compromete a eficiência das empresas, além da qualidade das obras e o cumprimento dos prazos.
"Os resultados colocam o segmento em alerta, porque há dificuldade de encontrar trabalhadores com qualificação adequada mesmo diante da baixa atividade do setor", aponta a entidade.
A principal estratégia usada pelos empresários da construção para enfrentar o problemas, segundo a pesquisa, é fazer a capacitação na própria empresa: 68% dos industriais afirmaram usar essa ferramenta. Outras medidas usadas são a terceirização das etapas do processo de construção ou prestação de serviço e o fortalecimento da política de retenção do trabalhador via salários e benefícios.
Educação básica
A alta rotatividade entre os trabalhadores é apontada por 61% dos empresários como a principal dificuldade para investir em qualificação. Outro problema apontado pelos chefes é o baixo interesse dos trabalhadores na qualificação. Também agrava a situação a má qualidade da educação básica.
"A má qualidade da educação básica exige maior esforço da empresa e do empregado para a qualificação profissional. Esse esforço, muitas vezes, desestimula o trabalhador que precisa se qualificar", aponta a CNI.
Para a elaboração da pesquisa divulgada hoje foram consultadas 424 empresas, sendo 136 pequenas, 195 médias e 93 grandes. A coleta de informações foi realizada entre os dias 1º a 11 de abril de 2013.
Levantamento semelhante havia sido realizado dois anos antes, em abril de 2011. Na pesquisa anterior, entretanto, o problema era maior: 86% das empresas do ramo da construção haviam respondido enfrentar problemas com a falta de mão de obra qualificada em 2011.
Entre as empresas que apontaram a falta de trabalhador qualificado como problema, é dificuldade quase unânime (94%) a carência de trabalhadores básicos ligados à obra (como pedreiro ou servente). O problema com a falta de funcionários técnicos ligados à obra (como encarregado de obra ou mestre de obra) atinge também a maior parte da indústria da construção (92%).
O porcentual de respostas quanto a problemas nas áreas administrativa e gerencial apresentaram o maior crescimento entre 2011 e 2013. A área administrativa, que registrou 59% de assinalações em 2011, passou a 70%. Já a área gerencial passou de 52% para 69%, no mesmo período.