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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h43.
Rio - As famílias brasileiras prosseguem otimistas em relação às possibilidades de consumo nos próximos meses, segundo revela o índice de Intenção do Consumo das Famílias (ICF) divulgado hoje pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O ICF subiu para 135,8 em fevereiro, de 135,5 em janeiro, numa situação considerada como "estabilidade" pelo chefe do departamento de economia da CNC, Carlos Thadeu de Freitas.
Para ele, em síntese a pesquisa mostra que os consumidores prosseguem otimistas e com capacidade de endividamento, mas os dados não apontam para uma "farra de consumo" no País. "Há perspectiva positiva para o consumo, mas não de aquecimento excessivo da demanda", avaliou.
Alguns componentes do índice, como a perspectiva para consumo, sobretudo de bens duráveis, mostraram crescimento, enquanto houve deterioração na percepção sobre o rendimento, em especial nas camadas de renda mais elevadas. "Essa deterioração pode refletir o aumento de despesas neste início de ano. O IPCA deverá registrar alta de 2% no primeiro bimestre e isso altera o rendimento real das famílias", observou Thadeu de Freitas.
Enquanto a avaliação sobre a renda atual passou de um patamar de 146,3 em janeiro para 143,7 em fevereiro, com queda de 1,7%, o quesito de perspectiva de consumo subiu 0,5%, de 138,4 para 139,0. No caso específico do "momento atual para consumo de duráveis", houve um aumento de 7,1%.
A pesquisa da CNC começou a ser divulgada em janeiro deste ano, com abrangência nacional e tem objetivo de antecipar o potencial de vendas do comércio. Para o índice de fevereiro, foram ouvidas 18 mil pessoas no final de janeiro.
Thadeu de Freitas avalia que a pesquisa reforça uma perspectiva positiva para o desempenho do varejo nos próximos seis meses. A CNC estima uma expansão de vendas do setor, na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do IBGE, de 8,6% em 2010, variação que, se confirmada, estará bem acima da variação de 5,9% apurada em 2009.
Segundo ele, há dúvidas em relação ao desempenho do varejo no segundo semestre, que estão concentradas na evolução da política monetária. Ele acredita que os dados de crédito divulgados hoje pelo Banco Central já mostram uma desaceleração no crédito à pessoa física em decorrência do aumento nos juros futuros que vem ocorrendo desde outubro e, caso a alta da taxa Selic (juro básico da economia) seja confirmada pelo BC nos próximos meses, haverá efeito mais forte sobre o crédito - sobretudo nos prazos de parcelamento - com consequências de perda de ritmo no aumento das vendas do varejo na segunda metade do ano.
A pesquisa de fevereiro mostra que o total de endividados, entre os entrevistados, ficou em 61,8%, ante 61,2% em janeiro. Apesar do pequeno aumento no total de endividados, também considerado como estabilidade, o porcentual dos entrevistados com dívidas ou contas em atraso caiu de 29,1% para 25,6% sendo que, desse total, a fatia dos que não terão condições de pagar dívidas ou contas caiu de 10,2% para 8,6%.