Economia

Clube de Paris anula metade da dívida de Mianmar

A decisão é um novo sinal de confiança da comunidade internacional em relação ao regime reformista


	O ministro birmanês das Finanças, Win Shein (C), discursa em Tóquio: o resto da dívida será reescalonado a 15 anos
 (Yoshikazu Tsuno/AFP)

O ministro birmanês das Finanças, Win Shein (C), discursa em Tóquio: o resto da dívida será reescalonado a 15 anos (Yoshikazu Tsuno/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2013 às 11h09.

Yangon - O governo birmanês indicou nesta segunda-feira que obteve um acordo com os credores do Clube de Paris para a anulação da metade de sua dívida, um novo sinal de confiança da comunidade internacional em relação ao regime reformista.

O acordo, assinado na sexta-feira, reduz a dívida externa de Mianmar em 6 bilhões de dólares, segundo um comunicado publicado pelo jornal governista New Light of Myanmar.

O Japão apaga 3 bilhões de dólares e a Noruega outros 534 milhões. O resto da dívida será reescalonado a 15 anos. "Outros credores bilaterais devem fazer o mesmo, com novos cancelamentos de dívida nos próximos seis meses", segundo o texto.

O gesto do Clube de Paris, um grupo informal de credores públicos no qual figuram Estados Unidos, Japão e vários países europeus, representa o início de uma nova era na qual "Mianmar se compromete a cooperar plenamente com todos os membros do Clube de Paris", segundo o ministro das Finanças, Win Shein.

Ao mesmo tempo, o regime de Naypyidaw pagou um total de 900 milhões em dívidas ao Banco Mundial (BM) e ao Banco Asiático de Desenvolvimento mediante um empréstimo-ponte do Japão, o que facilitará a retomada da ajuda internacional após um longo período.

"Mianmar percorreu um longo caminho em sua transformação econômica", afirmou a diretora do BM em Mianmar, Annette Dixon, ao mesmo tempo em que ressaltava que ainda há muito a ser feito.


O novo regime do presidente e ex-general Thein Sein, no poder há quase dois anos, surpreendeu o mundo com um ambicioso plano de reformas políticas e econômicas, após a saída sem violência da junta militar depois de meio século de ditadura.

Com a eleição parlamentar da ex-dissidente Aung San Suu Kyi e a colocação em liberdade de dezenas de presos políticos, as autoridades birmanesas obtiveram a anulação ou suspensão das sanções ocidentais e a visita, no fim de 2012, do presidente americano Barack Obama.

No plano econômico, o parlamento examina um projeto de lei para garantir a independência do Banco Central. O governo já adotou a unificação das múltiplas taxas de câmbio que paralisam sua moeda, o kyat, e adotou uma lei sobre investimento estrangeiro.

O regime birmanês recebeu há dez dias em Naypyidaw os credores internacionais e apresentou a eles um documento que descreve, sobretudo, suas opções estratégicas nos próximos anos e seus compromissos em matéria de boa governança e luta anticorrupção.

Segundo esse documento, o país registrou um crescimento de 5,5% no ano fiscal 2011-2012 (de abril a março) e este valor deve ser de 6,25% em 2012-2013.

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