Plantação no Mato Grosso do Sul: só esse estado reduziu a estimativa em 3,6% (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 8 de novembro de 2013 às 12h23.
Rio - Os problemas climáticos no Mato Grosso do Sul, onde houve geada, e no Sergipe, com a seca, prejudicaram a segunda safra do milho e puxaram a projeção de produção agrícola no Brasil para baixo em outubro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a previsão para milho 2ª safra caiu 0,4% ante o levantamento de setembro, o que significa redução de 189 mil toneladas.
Só Mato Grosso do Sul reduziu a estimativa em 3,6%, o que significa 265,7 mil toneladas a menos. O resultado foi parcialmente compensado por revisões para cima em outros Estados. Apesar disso, o Centro-Oeste deve se firmar, pelo segundo ano consecutivo, como a maior região produtora do País, com participação de 42% no volume de grãos.
O preço mais elevado da soja ao longo de 2013 deve provocar migração de cultura entre alguns produtores e motivar ampliação da área plantada do grão para a safra de 2014. Segundo o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Mauro Andreazzi, as primeiras projeções apontam que a soja voltará a superar o milho em 2014.
"O ano de 2012 foi de estiagem, o que prejudicou os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina. Isso levou a uma redução dos estoques mundiais de soja", disse Andreazzi. "O preço continua alto e incentiva o plantio para 2014", acrescentou.
Segundo ele, o produtor prefere obter em média R$ 3.250,00 por hectare de lucro bruto na soja, ainda que o grão tenha menor produtividade. O lucro bruto médio do milho é de R$ 2.050,00, segundo preços correntes. Em 2014, a produção do milho 1ª safra deve cair 7,1% em comparação a 2013. Enquanto isso, a soja deve registrar expansão de 6,1%.
2014
Apesar de o Primeiro Prognóstico de Safra de 2014 apontar queda de 1,4% ante a produção neste ano, para 184,2 milhões de toneladas, há chances de esse volume ser revisado para cima nas próximas projeções, disse Andreazzi. Além disso, o faturamento também pode favorecer os produtores. "Se a soja mantiver esse preço, pode ser uma safra recorde em termos de rendimento". avaliou.
De acordo com o Primeiro Prognóstico, a primeira safra de milho deve cair 7,1% em relação a 2013, perdendo espaço principalmente para a soja. A área colhida deve cair 0,6%. Além disso, o preço da saca do milho não é atrativo aos agricultores, segundo Andreazzi. "Grandes estoques e preços mais baixos estão desestimulando o plantio de milho primeira safra", disse.
Ainda não há, contudo, prognóstico para a segunda safra de milho, cujo plantio se concentra nos meses de março e abril. Mas ela deve, novamente, superar a primeira. "A tendência de cair o primeiro, que dá lugar à soja, e aumentar o segundo milho tem sido observada nos últimos anos", afirmou Andreazzi. Por enquanto, são feitas apenas projeções, tendo como base o rendimento médio dos últimos anos.
Alguns Estados do Norte e do Nordeste também não informaram seus prognósticos. Ao todo, 61,1% da projeção do IBGE para a produção no ano que vem é feita com base em observação de campo. Por isso, a conta do volume colhido pode subir nos próximos prognósticos e também em fevereiro, quando será divulgado o primeiro Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) de 2014. "Janeiro é um mês crítico para quase todas as culturas, pois precisa de boas condições climáticas", disse Andreazzi.
Outras culturas
Entre os prognósticos já informados ao IBGE para a safra de verão de 2014, o feijão 1ª safra deve ter alta de 19,2%, o algodão pode subir 11,7%, e a expectativa é de que a soja cresça 6,1%. Também devem apresentar variações positivas o arroz (4%), a batata-inglesa 1ª safra (0,1%), o fumo (2,2%) e a mandioca (4,6%).
Na contramão, devem registrar queda as produções de amendoim 1ª safra (-8,1%) e cebola (-6,6%), além do milho 1ª safra. As demais culturas ainda não contam com prognóstico individual do IBGE, mas são contabilizadas na projeção geral de safra.