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Cleggmania decepciona nas urnas e seguidores tentam entender por quê

Penalizado pelo sistema eleitoral britânico, o liberal-democrata Nick Clegg não entregou nas urnas

Nick Clegg: depois da decepção, as negociações com os tories (.)

Nick Clegg: depois da decepção, as negociações com os tories (.)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2010 às 20h28.

Londres - Os Liberais-Democratas de Nick Clegg tentam entender por que a popularidade de seu líder não refletiu os resultados esperados nas eleições britânicas. No entanto, eles têm a chave para a decisão entre um governo conservador ou trabalhista.

Desde o início do dia, David Cameron, líder dos Conservadores britânicos que ganharam as eleições sem maioria absoluta, e Gordon Brown, cujo partido Trabalhista ficou em segundo lugar, trataram de seduzir os Lib Dems. O primeiro ofereceu a eles um acordo "global" de governo e o segundo se disse disposto a negociar.

Nick Clegg reconheceu, na sexta-feira, que seus resultados foram "decepcionantes". Enquanto algumas pesquisas apontavam para uma centena de deputados eleitos do partido na nova Câmara dos Comuns, os Lib Dems tiveram de se contentar com apenas 57 dos 650 assentos, menos do que contavam antes das eleições (63).

"Não conseguimos o que esperávamos", admitiu Nick Clegg, que se tornou estrela nacional, depois de liderar o primeiro debate televisivo contra o primeiro-ministro Gordon Brown e o conservador David Cameron, em meados de abril.

Este revés eleitoral foi uma surpresa e um fracasso para Clegg, de acordo com vários analistas; ele acabou pagando caro por sua hesitação sobre a possível aliança com o Partido Trabalhista de Brown.

O professor Steven Fielding, da Universidade de Notthingham, adianta outra pista. "A maioria das pessoas que apoiaram Clegg no debate não sabia realmente o que defendiam os Lib Dems".

"Algumas partes do seu programa, em particular sobres questões da Europa e imigração, são realmente impopulares", acrescentou, referindo-se à proposta favorável a uma entrada em longo prazo do Reino Unido na zona do euro, ou a de regulamentar os imigrantes sem documentos há mais de 10 anos.

Além disso, os conservadores brandiram a ameaça de "hung parliament" (sem maioria absoluta), agora uma realidade. A estratégia foi eficaz entre alguns dos eleitores, diz o especialista.

Fracasso ou não, os Lib Dems estão, paradoxalmente, em uma posição decisiva entre conservadores, que não obtiveram a maioria absoluta, e um primeiro-ministro que quer seus votos para permanecer no poder.

Clegg tem uma oportunidade única para alcançar uma de suas principais reivindicações: a reforma do sistema eleitoral uninominal majoritário para algo que favoreça o bipartidarismo e a introdução da proporcionalidade.

Ao longo da campanha, Clegg evitou cuidadosamente decidir qual partido privilegiaria.

Na sexta-feira, fiel ao seu discurso das últimas semanas, ele reafirmou que o partido majoritário, dos conservadores, deve ser prioritário na formação do governo.

Brown limitou-se a tomar nota da posição de Clegg: "magnânimo", deixou aos liberais-democratas a possibilidade de negociar em um primeiro momento com os conservadores. Entretanto, apressou-se em adicionar que se este diálogo não fosse frutífero, estaria à disposição dele, principalmente em relação à reforma eleitoral.

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