Economia

Cintra diz que segue no governo; para Guedes, ele foi "mal interpretado"

"Continuo muito", disse Cintra, ao ser questionado se permaneceria à frente da Receita após encontro com o presidente Jair Bolsonaro

Marcos Cintra, secretário da Receita, gerou polêmica com entrevista (Waldemir Barreto/Agência Senado)

Marcos Cintra, secretário da Receita, gerou polêmica com entrevista (Waldemir Barreto/Agência Senado)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de abril de 2019 às 20h24.

Última atualização em 7 de maio de 2019 às 15h17.

Brasilia - O secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, afirmou que continua no governo Jair Bolsonaro, depois de se reunir com o presidente no Palácio do Planalto.

"Continuo muito", disse Cintra, ao ser questionado se permaneceria à frente da Receita. Ele se recusou a dar detalhes da conversa com o presidente, que já estava prevista na agenda antes dos acontecimentos de hoje.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Cintra disse que pretende substituir a tributação da folha de pagamento por um imposto sobre transações financeiras que atingiria todos, até igrejas.

Bolsonaro publicou um vídeo na manhã desta segunda através do qual disse que foi surpreendido pelas declarações de Cintra sobre a criação de um novo tributo.

O porta-voz do Planalto, Otávio Rêgo Barros, disse nesta segunda-feira (29) que o presidente se manifestou para "evitar ao longo do dia quaisquer ilações a respeito do tema".

"Como líder maior do nosso governo, presidente de pronto já resolveu destacar que encontrava-se contrário a essa posição para evitar ao longo do dia qualquer ilação a respeito do tema", disse Barros.

Questionado sobre a permanência do secretário no cargo, o porta-voz afirmou que o presidente não fez nenhum comentário no sentido de uma eventual saída de Cintra.

"Presidente absolutamente não fez nenhum comentário no sentido de que haja qualquer que seja possibilidade de substituição", respondeu, dizendo ainda que não há "fricção" entre Bolsonaro e o secretário.

Em conversa com a imprensa, o porta-voz repetiu a declaração dada por Bolsonaro em vídeo. "Apenas o presidente, diante dos seus conceitos políticos e percepções políticas, ele entendeu que - não é nem que não é necessário - não se deve mesmo bitributar as igrejas em função do conhecimento que ele tem sobre esse assunto", completou.

Questionado se Cintra teria eventualmente se manifestado no sentido de deixar o cargo, o porta-voz afirmou que não foi informado disto. "Não que me tenha sido informado", disse Barros.

Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira que Cintra foi "mal interpretado" ao falar da criação de um tributo sobre todas as transações financeiras.

Guedes também afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) dificulta a solução do problema fiscal ao decidir a favor do crédito de IPI sobre insumos da Zona Franca de Manaus.

O ministro citou estimativa de um rombo entre 20 bilhões de reais e 30 bilhões de reais aos cofres públicos devido à decisão da Corte.

Guedes disse ainda que Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estão construindo clima bastante favorável para atacar o problema fiscal, que é o desequilíbrio da Previdência, e que essa aproximação é muito construtiva.

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