Economia

Cinco motivos para Bolsonaro repensar ida a Davos

O presidente brasileiro anunciou que não irá ao encontro anual que reúne líderes políticos, empresários e investidores que começa dia 21 na Suíça

Bolsonaro em Davos em 2019 (Arnd Wiegmann/Reuters)

Bolsonaro em Davos em 2019 (Arnd Wiegmann/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 17h16.

Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 17h39.

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, anunciou na quarta-feira 8 que o presidente Jair Bolsonaro desistiu de participar do Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça, entre 21 e 24 de janeiro. O encontro anual reúne líderes políticos, empresários e investidores, que debatem grandes questões da atualidade. Bolsonaro, segundo seu porta-voz, não irá ao evento por uma somatória de “fatores políticos, econômicos e de segurança”. O cancelamento da viagem a Davos parece irreversível, mas veja por que o presidente deveria reconsiderar sua decisão.

1. Embora muita gente questione os resultados práticos do evento, o Fórum Econômico Mundial é uma grande vitrine. Este ano o encontro na estação de esqui suíça promete ser especialmente grandioso, por ser a 50ª edição do evento. O tema central: “um mundo coeso e sustentável”. Os nomes dos principais participantes serão confirmados apenas às vésperas do início do encontro, mas existe a expectativa da presença do presidente americano, Donald Trump (que faltou à reunião em 2019). Se Trump não cancelar sua ida a Davos, seria uma oportunidade para Bolsonaro reforçar pessoalmente seu apoio ao colega americano no conflito dos Estados Unidos com o Irã (ou no que quer que seja).

2. Seria uma chance também para Bolsonaro apagar a má impressão deixada na reunião de Davos em 2019. Na ocasião, o presidente brasileiro teve a honra de abrir a sessão plenária do Fórum Econômico Mundial. Pouco à vontade em sua estreia em um evento internacional, Bolsonaro leu um discurso superficial por apenas seis minutos, deixando de aproveitar os cerca de 45 minutos que tinha à disposição – no ano anterior, o presidente francês, Emmanuel Macron, falou por quase uma hora em Davos e foi aplaudido de pé.

3. Seria uma oportunidade para Bolsonaro fazer um balanço de seu primeiro ano de governo. Ele poderia falar que seu governo conseguiu virar uma página com a aprovação da reforma da Previdência, um passo importante para colocar um freio no crescimento dos gastos públicos. O ano terminou com uma previsão de avanço do PIB brasileiro de 1,1% em 2019 e 2,3% em 2020. Ainda não dá para abrir champanhe, mas as perspectivas econômicas para o país hoje são melhores do que eram há alguns meses.

4. Indo a Davos, Bolsonaro não daria chance para outro brasileiro ser o centro dos holofotes. Na ausência do chefe, caberá ao ministro da Economia, Paulo Guedes, representar o governo brasileiro no encontro – fato comemorado por muitos empresários, que acreditam que o ministro terá mais condições de atrair a atenção de investidores. O governador de São Paulo, João Doria, possível candidato à presidência da República em 2022, estará em Davos pelo terceiro ano seguido e poderá aproveitar o vácuo de Bolsonaro. O apresentador Luciano Huck, outro nome citado como presidenciável nas próximas eleições, participará de um painel sobre a América Latina.

5. Bolsonaro teria a chance de esbarrar nos corredores de Davos com a ativista Greta Thunberg, uma das personalidades aguardadas no evento. A adolescente sueca ganhou destaque global no Fórum Econômico Mundial de 2019, quando não se intimidou diante da seleta plateia de líderes globais e cobrou medidas urgentes para combater o aquecimento global. “Eu não quero que vocês tenham esperança. Eu quero que vocês entrem em pânico”, disse na ocasião. Sem perder a calma, Bolsonaro teria a chance de explicar pessoalmente à “pirralha” – como a chamou recentemente – por que o número de focos de incêndio na Amazônia em 2019 cresceu 30% em relação a 2018, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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