Guedes: governo espera que Petrobras e outras 30 empresas explorarem a produção de gás natural (Fabio Rodrigues/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de julho de 2019 às 10h47.
Última atualização em 9 de julho de 2019 às 11h37.
Rio - A queda pela metade do preço do gás natural, como quer o ministro da Economia, Paulo Guedes, resultaria em crescimento de 10,5% no Produto Interno Bruto (PIB) industrial no primeiro ano do recuo, segundo estudo elaborado pelo Ministério da Economia, Secretaria Especial da Fazenda e Secretaria de Avaliação de Políticas Públicas, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) no âmbito da criação do Novo Mercado de Gás (NMG) anunciado na segunda-feira pelo governo.
"Os resultados demonstram que variações percentuais no preço da energia são capazes de transmitir aos demais setores da economia ondas de crescimento no PIB industrial de forma contínua até um novo ponto de equilíbrio", diz o documento divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), que traz uma tabela com variações de declínio de preços entre -1% e -50%.
O impacto de uma queda de 30%, por exemplo, seria de 6,3% no primeiro ano e de 4,1% no segundo ano, caindo para 2,8% no terceiro até ser diluído para 0,22% no décimo ano.
Em nota conjunta assinada entre o MME e Ministério da Economia, o governo diz que espera a queda do preço por meio da concorrência que será aberta com a venda de ativos da Petrobras, que deixará os mercados de distribuição e transporte, estimulando a entrada de outros players no mercado de gás natural. Além disso, o governo conta com a grande quantidade de gás natural do pré-sal.
De acordo com o documento, a expectativa é de que o preço caía do atuais US$ 14 MM/Btu para algo em torno de US$ 6 a US$ 7 MM/Btu, "que é o que vige na Bolívia", diz o texto conjunto. Em 2018, o preço médio de gás natural para consumidores industriais na Europa foi de US$ 8,84 MM/Btu e nos Estados Unidos, US$ 3,89 MM/Btu.
Além da Petrobras, que continuará a explorar e produzir gás natural, principalmente na abundante região do pré-sal, o governo espera a participação das 30 empresas que hoje exploram as bacias sedimentares brasileiras no litoral, "como a ExxonMobil, Repsol, Total e Chevron, assim como no fortalecimento da posição de outras empresas internacionais no Brasil, como a Equinor, Shell e BP Energy". Espera também atrair empresas de porte médio para a exploração do gás em terra.
"Este, além de contribuir para o aumento da oferta de gás natural no Brasil, possui, sobretudo, o condão de internalizar o desenvolvimento econômico do país. Isso porque, diferentemente do gás associado ao petróleo do pré-sal, que tende a ser mais aproveitado pelos estados litorâneos, o gás em terra está substancialmente presente no "interior" do Brasil", explica o documento.