Economia

Choque da cadeia de suprimentos da China agora é global

Medidas para conter o surto de coronavírus atingem desde minas de cobre no Peru até fabricas no coração industrial da Alemanha

Loja da Apple: marca enfrenta o impacto da paralisação de fabricantes de componentes (Yifan Ding/Getty Images)

Loja da Apple: marca enfrenta o impacto da paralisação de fabricantes de componentes (Yifan Ding/Getty Images)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 22 de março de 2020 às 08h00.

Última atualização em 25 de março de 2020 às 00h42.

As cadeias de suprimentos globais enfrentam uma paralisação de ponta a ponta diferente de qualquer outra nos tempos de paz modernos, já que medidas para conter o surto de coronavírus atingem desde minas de cobre no Peru até fabricas no coração industrial da Alemanha.

Nos últimos dias, a crise na cadeia de suprimentos que começou no início deste ano com fábricas chinesas se espalhou por setores importantes em outros lugares que haviam amenizado o impacto até agora. As paralisações contribuem para a crescente convicção de que o mundo enfrenta a primeira recessão desde a crise financeira, ocorrida há mais de uma década.

“Este é um tipo de desastre natural contínuo”, disse Ethan Harris, chefe de pesquisa econômica global do Bank of America. “Em termos de impacto na produção global, a paralisação fora da China provavelmente será maior do que o impacto chinês.”

Harris disse que o choque nas cadeias de fornecedores é mais profundo e mais amplo do que as guerras comerciais dos últimos dois anos e, provavelmente, será mais prolongado do que tempestades, terremotos ou inundações que foram fonte de estresse para as principais indústrias no passado. Ele estima que as paralisações das fábricas durem até maio e, possivelmente, além disso.

Para piorar, o choque inicial de oferta coincidiu com a crise de demanda na Europa, EUA e em outras grandes economias, devido às quarentenas que obrigam consumidores a ficar em casa.

Fornecedores da Apple

A Apple, por exemplo, agora enfrenta o impacto da paralisação de fabricantes de componentes na Itália, Alemanha, Malásia e Coreia do Sul depois de ter resistido à desaceleração em fevereiro nas fábricas chinesas que fazem a montagem final de produtos como iPhones e AirPods.

Na Malásia, fornecedores-chave como Murata Manufacturing, Renesas Electronics e Ibiden interromperam a produção como resultado de restrições de mobilidade impostas pelo governo. A Micron Technology também é afetada, mas disse que uma isenção permite que “operações limitadas de semicondutores continuem”. A Texas Instruments e a On Semiconductor também possuem fábricas no país.

O estado de emergência do Peru e o bloqueio nacional levaram grandes empresas de mineração como Freeport-McMoRan e Newmont a reduzirem a produção de cobre no país. O mesmo acontece em outros centros de mineração como Chile, Canadá e Mongólia. Economistas do Scotiabank dizem que resultado inicial do impacto no Chile e no Peru levará à redução de 325 mil toneladas de produção de cobre, ou cerca de 1,7% da produção anual global.

Acompanhe tudo sobre:AppleChinaCoronavírusIndústria

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE