Trânsito na Índia: país deve ganhar várias posições no ranking de maiores economias (Paulo Vitale/VEJA)
João Pedro Caleiro
Publicado em 23 de julho de 2017 às 08h00.
Última atualização em 23 de julho de 2017 às 08h00.
São Paulo - O crescimento econômico da China passou dos 14% em 2007, mas já era a metade disso em 2016: 6,7%, o mais baixo em 26 anos.
Já a Índia ultrapassou a marca dos 7% também em 2016 e se tornou a grande economia do mundo que mais cresce, posto onde deve continuar.
"O pólo econômico do crescimento global se moveu nos últimos anos da China para a vizinha Índia, onde provavelmente ficará ao longo da próxima década", diz uma publicação recente do Centro para Desenvolvimento Internacional da Universidade de Harvard.
As projeções do Centro são feitas com base em um ranking de complexidade das economias. Segundo eles, os dados têm a capacidade de prever o crescimento futuro com 5 vezes mais precisão do que os rankings de competitividade do Banco Mundial.
A previsão atual é de crescimento médio anual de 4,41% na China e 7,72% na Índia até 2025. Só Uganda cresceria mais (7,7%), só que partindo de uma base bem mais baixa.
O Brasil não está tão mal: subiu 5 posições no ranking de complexidade e tem projeção de crescimento médio anual de 4,23% até 2025.
Índia X China
Os pesquisadores de Harvard notam que a perspectiva positiva da Índia vem do potencial de diversificar sua base de exportação para setores mais complexos como químicos, veículos e eletrônicos.
Além disso, a Índia tem a maior população rural e o maior setor informal entre as grandes economias, e a urbanização e formalização devem multiplicar oportunidades (especialmente com um governo reformista como o atual).
A Índia também tem um mercado de 1 bilhão de pessoas com um perfil demográfico relativamente favorável comparado a um mundo que envelhece rapidamente.
A consultoria PwC previu recentemente que em 2050 os Estados Unidos terão sido desbancados pela Índia, hoje em terceiro, no ranking das maiores economias do mundo em paridade de poder de compra.
No caso da China, a decadência relativa não é uma má notícia - afinal, o país já tem a segunda maior economia do mundo em dólares e a maior em paridade de poder de compra.
"A taxa de crescimento chinesa precisa desacelerar porque ela já tem uma base enorme, e a física torna simplesmente impossível crescer mais, a não ser que todos os países em desenvolvimento subitamente comecem a crescer de forma tão robusta quanto ela", diz um e-mail para EXAME.com de Ann Lee, ex-professora da Universidade de Pequim atualmente na New York University (NYU).
A questão é, basicamente, crescer melhor ao invés de crescer mais. Números acima do esperado, como os registrados no 2º trimestre, não devem ser comemorados se estiverem alimentando desequilíbrios como a dependência de crédito e a espiral de endividamento.
"Os objetivos reais devem ser crescimento mais lento e garantir maior consumo e melhor distribuição de renda, tanto por classe quanto por região. O gasto em bem-estar social precisa crescer mais rápido do que a economia como um todo. A questão chave é como financiar isso", diz um e-mail para EXAME.com de David Goodman, diretor de Estudos Chineses na Universidade de Xi’an Jiaotong-Liverpool em Suzhouo.