Trabalhadora chinesa trabalha em fábrica de cobertores para exportação (AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de janeiro de 2015 às 17h35.
Pequim - O superávit comercial da China cresceu quase 50% em 2014, batendo recorde, graças a uma estagnação das importações e ao aumento moderado das exportações, em um contexto de desaceleração econômica.
A China, líder mundial de comércio de produtos industrializados, teve no ano passado um excedente histórico de 382,46 bilhões de dólares, anunciaram nesta terça-feira as autoridades da alfândega do país.
Devido à conjuntura internacional de fragilidade econômica, as exportações chinesas subiram somente 6,1%, a 2,34 trilhões de dólares, uma desaceleração significativa considerada a alta de 8% registrada em 2013. Desse modo, um dos motores do crescimento chinês dá sinais de fraqueza.
Mas apesar da estagnação das importações, o aumento do superávit comercial tem uma explicação: as importações do país cresceram apenas 0,4%, a 1,96 trilhão de dólares, após um crescimento de 7% em 2013.
No total, as trocas comerciais tiveram alta de 3,4% no ano passado. Pequim esperava um avanço de 7,5%, meta bem distante do que foi alcançado.
"A recuperação econômica mundial é lenta e incapaz de sustentar o crescimento do comércio chinês", lamenta Zhang Yuesheng, porta-voz da alfândega chinesa.
"Ainda mais preocupantes são as estatísticas que revelam também uma debilidade da demanda interna", advertiram Li-Gang Liu e Hao Zhou, analistas do banco ANZ.
A queda das importações, em valor, foi alimentada em parte pela redução dos preços das matérias-primas energéticas, já que o preço do barril do petróleo caiu cerca de 50% em seis meses.
Essa estagnação das compras no exterior acontece em um contexto de indicadores internos medíocres, de desaceleração da atividade industrial e das vendas, além de um marasmo no mercado imobiliário.
O crescimento do PIB chinês caiu para 7,3% no terceiro trimestre. É o índice mais baixo em cinco anos e pode cair neste ano a um patamar jamais visto em 25 anos.
Após a redução das taxas de juros promovida pelo banco central chinês (PBOC) em novembro, a maioria dos analistas aposta agora em novas medidas de flexibilização monetária para estimular a economia.
Dezembro melhor do que o esperado
No entanto, as estatísticas comerciais de dezembro se mostraram menos assustadoras do que previam os analistas.
As exportações da China aumentaram, em termos anuais, 9,7% no último mês, a 227,5 bilhões de dólares, quando 40 especialistas consultados pela Bloomberg apostavam em uma alta de 6%. Em novembro, as exportações haviam crescido apenas 4,7%.
As importações, por sua vez, retrocederam em dezembro, em termos anuais, cerca de 2,4%, a US$ 177,9 bilhões, quando os analistas esperavam um recuo de 6,2%. Em novembro elas caíram 6,7%.
"Esperava-se que a persistente queda dos preços do petróleo e de outras matérias-primas fosse continuar a reduzir o valor das importações, mas a China aparentemente quis aproveitar a situação para incrementar suas reservas estratégicas [de petróleo], o que teve um efeito de compensação", explicou Julian Evans-Pritchard, analista da Capital Economics.
*Atualizada às 18h35 do dia 13/01/2014