Contêineres no porto de Santos: de janeiro a outubro, o Brasil comprou US$ 28,7 bilhões da China contra US$ 26,8 bilhões dos Estados Unidos (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2012 às 11h08.
Brasília - Maior compradora de produtos brasileiros há três anos, a China se tornará pela primeira vez na história a principal fornecedora para o Brasil em 2012, desbancando os Estados Unidos. O fenômeno ocorre em um ambiente de deterioração do comércio exterior global, com duros impactos para o País. O governo divulgou nesta quinta-feira que, em outubro, o saldo da balança comercial foi de apenas US$ 1,7 bilhão, o menor superávit para o mês desde 2009.
O saldo positivo ajudou pouco no resultado acumulado do ano. Até agora, o volume de US$ 17,4 bilhões é 31% menor do que o do mesmo período do ano passado. Sem enfrentar crises, 2011 foi um ano de saldo recorde de US$ 29,8 bilhões.
A consolidação chinesa como principal parceira comercial do Brasil começou a ficar clara no início do ano, com o aumento consistente de suas vendas para o País. Para a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Tatiana Prazeres, faltando dois meses para o fim do ano, agora já se pode afirmar com mais segurança que a liderança caberá à China.
De janeiro a outubro, o Brasil comprou US$ 28,7 bilhões do gigante asiático contra US$ 26,8 bilhões dos Estados Unidos. "Houve redução das importações dos Estados Unidos combinada com aumento das importações da China", explicou Tatiana.
Entre os produtos que o Brasil deixou de comprar dos americanos estão hulha, um carvão que se usa em fornos industriais, e algodão. Já da China, houve aumento de importações de itens como bens de capital e componentes de produtos.
Exportações
Do lado das vendas nacionais, vale destacar uma forte queda de 25% verificada no mês passado tanto para a China quanto para a Argentina. A secretária explicou que, no caso da China, o resultado foi influenciado pela retração das exportações de minério de ferro com a queda de 41% do preço em outubro em comparação a igual período de 2011.
Sobre a Argentina, a avaliação é que a crise externa somada a problemas econômicos do país tenham diminuído a demanda por produtos brasileiros, sobretudo veículos. "Seguimos monitorando o comércio bilateral com a Argentina com atenção", disse Tatiana. Os países se reúnem na semana que vem para tratar do tema.
Cálculo
O resultado geral da balança comercial de outubro foi marcado por uma queda de 7,6% no volume de compras, mas, principalmente, da retração de 10,6% das vendas. As importações somaram US$ 20,1 bilhões contra US$ 21,7 bilhões das exportações.
A maior influência negativa sobre o desempenho das vendas brasileiras no período foi do petróleo, que desabou 58,8% no mês passado, para US$ 794 milhões.
"Consultamos a Petrobrás e o que nos disseram é que a queda nas exportações é resultado da produção nacional menor e de um crescimento dos volumes de processamento de óleo nacional nas refinarias do Brasil", disse Tatiana. De janeiro a outubro, as vendas de petróleo registraram recuo de 7,3% em relação aos primeiros dez meses de 2011. A redução é consequência mesmo da diminuição (-9,3%) das vendas, já que o preço subiu 3,2% no período. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.