Economia

China se lança ao consumismo no Dia do Solteiro

Durante todo o dia de hoje, grandes portais de comércio eletrônico da China, como Alibaba, JD.com e Yihaodian, oferecem descontos de até 50%


	Dia de descontos: em 2009, o Alibaba decidiu usar dia como desculpa para lançar descontos em temporada baixa
 (Kim Kyung-Hoon / Reuters)

Dia de descontos: em 2009, o Alibaba decidiu usar dia como desculpa para lançar descontos em temporada baixa (Kim Kyung-Hoon / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2015 às 09h21.

Pequim - Centenas de milhões de chineses passam nesta quarta-feira horas na frente do computador na busca de grandes pechinchas no chamado "Dia do Solteiro", festa que começou como uma resposta ao dia de São Valentim, mas acabou sendo uma ode ao consumismo, a jornada de maior volume compras - sobretudo através da internet - no mundo.

Durante todo o dia de hoje, grandes portais de comércio eletrônico da China, como Alibaba, JD.com e Yihaodian, oferecem descontos de até 50% em produtos de todos os tipos, desde leite a automóveis, e o país se lança em massa às compras.

"Passei horas olhando ofertas no computador, mas enchi o 'carrinho' demais e no final não comprei nada", contou à Agência Efe uma jovem estudante chamada Hua Zhai.

Outro jovem chinês, Jia Yu, explicou que tentou adquirir uma camiseta da marca Uniqlo, mas que "havia muita gente comprando pela internet e não restou nada do meu tamanho".

Produtos como o último modelo do iPhone 6 podem ser encontrados em sites como Yihaodian por 4.888 iuanes (US$ 750), 10% mais baratos do que o normal, embora nos dias prévios, relatórios da imprensa oficial tenham advertido sobre a proliferação de falsificações em algumas dessas ofertas.

O Dia do Solteiro foi criado pelos chineses como uma piada para "combater" o romantismo do Dia dos Namorados, mas desde que, em 2009, o Alibaba decidiu usar a jornada como desculpa para lançar descontos em uma temporada tradicionalmente baixa, a loucura consumista despertou.

Sete anos depois, esta empresa e seus rivais, de forma cada vez mais competitiva, lutam para atrair os internautas com descontos, embora o Alibaba concentre 80% das vendas online na China.

Neste ano, uma tela gigante no Cubo de Água, a sede das provas aquáticas das Olímpiadas de Pequim em 2008, faz a conta em tempo real do dinheiro que os portais Alibaba estão movimentando no Dia do Solteiro, e pouco a pouco vão sendo batidos todos os recordes.

"Movimentamos mais do que a Black Friday e a Cyber Monday juntos", destacou à Agência Efe o vice-presidente de comunicação internacional do Alibaba, Robert Christie, enquanto centenas de jornalistas observam durante horas o marcador digital.

Apenas oito minutos depois do início do Dia do Solteiro, já chegava-se ao primeiro bilhão de dólares em vendas, e 12 horas depois, quando ainda restava meio dia de descontos, os gastos já superavam o recorde do dia todo do ano passado (US$ 9,3 bilhões).

Antes das 8h, os chineses já tinham comprado nos portais do Alibaba um importe superior ao que os americanos gastaram no ano passado na Cyber Monday (realizada na primeira segunda-feira após o dia de Ação de Graças).

Apesar da desaceleração econômica nacional, o consumo, pelo menos no dia de hoje, parece mais forte do que nunca, embora possa ter sido influenciado pela forte despesa publicitária das marcas chinesas nos dias prévios, com anúncios onipresentes em marquises, no metrô e até nos elevadores dos blocos residenciais.

O Alibaba foi um passo além e organizou nas horas prévias ao começo da jornada uma grande festa televisiva na qual famosos do país e alguns convidados estrangeiros, como Daniel Craig e Kevin Spacey, encorajavam os chineses a encher seus carrinhos virtuais.

O Dia do Solteiro é em sua sétima edição um acontecimento tão grande que provoca tensões entre as grandes firmas de comércio eletrônico: dias antes de seu início, as principais rivais do setor, JD.com e Alibaba, foram a julgamento por isso.

A JD.com - cujo logotipo é um cachorro - denunciou o Alibaba - simbolizada por um gato - por suposta publicidade enganosa em torno do dia de hoje.

Dos meios de comunicação oficiais surgem críticas sobre o excessivo culto comercial ao Dia do Solteiro, mas dentro de alguns dias se repetirá, em 12 de dezembro, outra jornada de ofertas.

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