Economia

Estudo aponta que China pode estar crescendo mais do que diz

A conclusão surpreende porque muitos economistas suspeitam o contrário: que o país esteja maquiando dados para inflar seu crescimento

Mulher no telefone em Xangai, na China (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Mulher no telefone em Xangai, na China (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 25 de abril de 2017 às 12h40.

Última atualização em 25 de abril de 2017 às 13h36.

São Paulo - Surpresa: a China pode estar crescendo mais do que o registrado nas estatísticas.

É o que aponta um estudo publicado recentemente pelo Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.

Os autores são Hunter Clark e Maxim Pinkovskiy, do Federal Reserve Bank de Nova York, e Xavier Sala-i-Martin, da Universidade de Columbia.

O trio mediu a atividade econômica chinesa através de imagens noturnas de satélite, um método que havia sido detalhado por Hunter e Maxim em um trabalho anterior.

A vantagem das imagens de satélite é que elas são impessoais (ao contrário das pesquisas de campo) e tem um critério único que ultrapassa fronteiras (ao contrário das contas nacionais).

Colocadas como variável independente, as luzes trazem dados novos que podem ser comparados com outras fontes, o que já foi usado até para medir a pobreza na África.

No caso da China, "os resultados mostram que as taxas de crescimento da China não estão consideravelmente abaixo das reportadas, e podem estar consideravelmente acima, de uma forma consistente com nenhuma desaceleração aguda no período entre 2014 e 2016", diz o estudo.

A conclusão surpreende porque a suspeita de muitos economistas vai na direção contrária, de que os chineses estariam maquiando números para disfarçar a desaceleração do crescimento.

"Os números principais não são nem um pouco confiáveis", disse recentemente Christopher Balding, economista especialista em China, em entrevista para EXAME.com.

Há relatos de autoridades locais registrando números distorcidos: mais recentemente, a província de Liaoning admitiu ter falsificado dados entre 2011 e 2014.

O governo vem prometendo punir a prática. Na semana passada, o principal órgão estatístico da China criou um braço especial destinado exclusivamente a garantir a autenticidade dos dados.

O estudo pergunta como seria possível conciliar os dois lados da moeda: falsificação para cima com dados ainda mais positivos do que o registrado.

"Uma explicação consistente com nossos resultados é que as contas nacionais chineses estejam subestimando a taxa de crescimento de serviços, o que poderia estar subestimando o crescimento geral na medida em que os serviços se tornam uma fração maior da economia chinesa", diz o texto.

Aumentar a participação dos serviços na economia é um objetivo declarado do governo chinês, mas há debate sobre até que ponto essa transição está de fato ocorrendo.

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