Economia

China luta contra fuga de capitais e reduz compras no exterior

O objetivo é parar o frenesi de aquisições no mundo todo que parece ter-se apoderado das companhias chinesas

China: as empresas do Estado serão proibidas de fazer qualquer investimento imobiliário de mais de 1 bilhão de dólares fora da China (Thinkstock/Thinkstock)

China: as empresas do Estado serão proibidas de fazer qualquer investimento imobiliário de mais de 1 bilhão de dólares fora da China (Thinkstock/Thinkstock)

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AFP

Publicado em 29 de novembro de 2016 às 12h52.

A China, que se tornou exportador líquido de capitais, vai restringir drasticamente a febre de compras de suas empresas no exterior - do futebol ao cinema, passando pelo turismo - para lutar contra as fugas de capitais e racionalizar investimentos.

O objetivo é parar o frenesi de aquisições no mundo todo que parece ter-se apoderado das companhias chinesas. Para isso, Pequim quer proibir a maioria dos investimentos de mais de10 bilhões de dólares, afirmou nesta terça-feira a agência Bloomberg.

Além disso, o governo se oporá a todas as compras superiores a 1 bilhão de dólares em setores alheios às "atividades fundamentais" do grupo chinês comprador.

As empresas do Estado serão proibidas de fazer qualquer investimento imobiliário de mais de 1 bilhão de dólares fora da China.

Essas restrições entrarão logo em vigor e continuarão até setembro de 2017, exceto para compras estratégicas especiais, segundo a Bloomberg.

O jornal South China Morning Post também se referiu nesta terça-feira a essas medidas.

Por sua vez, o NDRC (órgão de planificação econômica) publicou nesta segunda-feira um comunicado assegurando que o governo "examinará e verificará os projetos de investimento no exterior em função das leis e dos regulamentos", sem dar mais detalhes.

As autoridades continuarão "facilitando investimentos e evitando os riscos" associados a elas, acrescenta a breve declaração.

Este freio vai contra os pedidos de Pequim a suas empresas para que se desenvolvam no exterior, garantindo, assim, novos mercados e tecnologias.

O gigante asiático já é exportador líquido de capitais desde 2015. Fora do setor financeiro, os investimentos chineses chegaram a 146 bilhões de dólares nos dez primeiros meses de 2016, um aumento de 53% em relação ao mesmo período anterior.

Compulsivo e irracional

Nenhum setor fica de fora dessa onda compradora -futebol, cinema, altas tecnologias, turismo - com números vertiginosos na indústria.

A prioridade para o regime comunista é agora parar a hemorragia de capitais fora da China, o que gera uma enorme pressão a uma desvalorização do iuane, que caiu recentemente a seu menor nível em oito anos em relação ao dólar.

Reflexo do tamanho do problema é a queda das reservas em divisas do país -um retrocesso de 46 bilhões de dólares em outubro-, pois o governo as usa bastante para defender sua divisa.

As novas normas têm como objetivo lutar contra "as fugas de capitais disfarçados de investimentos", operações que servem de pretexto para tirar ilegalmente iuanes do país, destacou nesta terça-feira um editorial do jornal China Daily.

Outra preocupação são essas compras frequentemente financiadas através do endividamento, graças ao crédito muito barato oferecidos pelos bancos estatais. E isso em um momento em que preocupa o enorme crescimento da dívida chinesa (250% do PIB).

Comprar no exterior nesses tempos de incerteza econômica e política "não parece racional, pois os investimentos arriscados podem ameaçar gravemente a estabilidade financeira" das firmas chinas, adverte o China Daily.

"Algumas empresas multiplicam as compras no exterior de forma desordenada, às cegas", em investimentos "compulsivos" estimulados pela "necessidade de imitar" aos demais "ou de brilhar", criticou em setembro um porta-voz do ministério chinês de Comércio.

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