Economia

China e Rússia assinam contrato de gás de US$ 400 bilhões

China e Rússia fecharam um megacontrato de fornecimento de gás natural avaliado em 400 bilhões de dólares por 30 anos

Alexei Miller (C) e Zhou Jiping (D): Rússia fornecerá gás à China a partir de 2018 (Alexey Druzhinin/AFP)

Alexei Miller (C) e Zhou Jiping (D): Rússia fornecerá gás à China a partir de 2018 (Alexey Druzhinin/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2014 às 14h28.

Xangai - China e Rússia fecharam nesta quarta-feira em Xangai um megacontrato de fornecimento de gás natural avaliado em 400 bilhões de dólares por 30 anos, após uma década de negociações, informaram fontes chinesas e russas.

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega chinês, Xi Jinping, participaram da assinatura do acordo, indicou em um comunicado a gigante energética chinesa CNPC.

De acordo com a CNPC, o contrato indica que a Rússia fornecerá gás à segunda maior economia mundial a partir de 2018, e o volume entregue aumentará progressivamente "para alcançar com o tempo 38 bilhões de metros cúbicos (m3) anuais".

O acordo assinado pela CNPC e pela empresa russa Gazprom está avaliado em 400 bilhões de dólares com uma duração de 30 anos e prevê um preço de 350 dólares o m3, segundo a imprensa pública russa, que cita o presidente da Gazprom, Alexei Miller.

"É uma nova e importante conquista na cooperação energética estratégica" entre os dois países, comemorou o CNPC.

A China, que deseja garantir suas fontes de fornecimento energético, estava há dez anos em negociações com a Rússia, que tenta fazer com que a Gazprom tenha acesso ao gigantesco mercado chinês.

As negociações ficaram paralisadas durante um tempo devido ao preço do gás natural.

Os termos de um acordo assinado em 2009 previam inicialmente que o volume de gás fornecido pela Rússia poderia aumentar com o tempo para quase 70 bilhões de m3, um número que foi reduzido à metade no acordo final.

Analistas acreditam que este acordo pode ajudar a China a aumentar a parcela de gás com queima mais limpa usada em sua matriz energética.

"Isso dá uma base para que ambos países se transformem em verdadeiros parceiros estratégicos no setor de energia", afirmou o diretor do Centro de Estudos sobre Rússia e Ásia Central da Universidade Fudan de Xangai, Zhao Huasheng.

"O avanço alcançado neste projeto reflete o potencial de ambos países para ampliar a cooperação além desse de contrato", acrescentou.

Por outro lado, a assinatura do megacontrato acontece no momento em que as relações entre a Rússia e os países ocidentais atravessam um período de tensões devido à crise ucraniana.

Nesta quarta, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, enviou uma carta a Putin pedindo que ele "mantenha o fornecimento de gás" à Europa.

De acordo com a Gazprom, a companhia pública ucraniana Naftogaz tem uma dívida que ultrapassa os 3,5 bilhões de dólares, e informou há dez dias que cortaria o fornecimento de gás à Ucrânia a partir de 3 de junho, caso não seja paga com antecedência a fatura correspondente a esse mês, de cerca de 1,6 bilhão de dólares.

O presidente da Gazprom declarou no final de semana que a empresa "fará o que for possível para que os consumidores europeus não tenham problemas" com o fornecimento de gás. A Gazprom não cortaria totalmente o fornecimento de gás para a ex-república soviética, mas "entregaria à Ucrânia somente o gás já pago", comunicou.

"Na fronteira entre Rússia e Ucrânia, distribuiremos o gás necessário que deve ser recebido pela Europa via Ucrânia, mais especificamente, a metade do gás russo com destino ao continente europeu", acrescentou.

As autoridades interinas da Ucrânia negam-se a pagar antecipadamente, "devido à ausência de acordo com os russos para solucionar a disputa sobre o preço do gás natural", afirmou na terça o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.

A rede de gasodutos ucraniana garante a passagem de 65 dos 133 bilhões de m3 de gás anuais comprados da Rússia pelos países da UE, de acordo com os dados da Comissão.

A Ucrânia consome 50 bilhões de m3 de gás por ano. O país produz 20 bilhões e compra os 30 bilhões restantes da Rússia, segundo dados de 2013.

Putin participava nesta semana em Xangai da quarta edição da Conferência sobre Interação e Medidas de Construção de Confiança na Ásia, um fórum de segurança regional.

*Atualizada às 14h27 do dia 21/05/2014

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