Economia

China busca fechar acordo de comércio na Ásia e EUA podem recuar

Os líderes asiáticos atuam para avançar nas conversas sobre a Parceria Econômica Abrangente Regional, que envolve dez países

China: o país defende essa iniciativa como uma alternativa para o acordo liderado pelos EUA (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

China: o país defende essa iniciativa como uma alternativa para o acordo liderado pelos EUA (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de novembro de 2016 às 10h02.

Pequim - O governo da China afirmou que pretende concluir um acordo de livre-comércio na Ásia o mais rápido possível, um sinal de que Pequim busca ampliar sua influência regional em meio ao aparente colapso da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), que envolve vários países do continente e também os Estados Unidos.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês afirmou nesta terça-feira que os líderes asiáticos atuam para avançar nas conversas sobre a Parceria Econômica Abrangente Regional, que envolve dez países.

A China defende essa iniciativa como uma alternativa para o acordo liderado pelos EUA e "espera que essas negociações possam atingir resultados rápidos".

A comunicação do governo chinês ocorre um dia após o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, afirmar que retirará o país do TPP em seu primeiro dia no posto (20 de janeiro).

O acordo comercial entre os países do Pacífico é defendido pelo atual presidente norte-americano, Barack Obama, que o vê como um marco do envolvimento dos EUA na Ásia. Trump, um crítico dos acordos de livre-comércio, avalia que a iniciativa seria um "desastre" e acabaria com empregos em seu país. O presidente eleito disse que avaliaria a negociação de acordos bilaterais.

O primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, que defende o TPP, agora diz que as nações da região da Ásia/Pacífico devem fortalecer o comércio entrando no acordo liderado pela China e também em outras iniciativas. "Há ainda outros caminhos para o livre-comércio na Ásia e no Pacífico", afirmou Lee no fim de semana.

Vietnã e Malásia, também signatários do TPP, disseram que estavam mudando de foco, concentrando-se agora no grupo apoiado pela China, segundo seus respectivos ministérios de comércio. O ministro do Comércio da Malásia, Datuk Seri Mustapa Mohamed, citou a "situação econômica internacional incerta".

Alguns viram as mudanças como uma vitória para a China. O professor de Economia Zou Zhengfang, da Universidade Renmin, disse que o quadro representa uma boa oportunidade para Pequim conseguir mais poder na arena global, a partir da economia, "e ganhar uma voz maior".

O TPP cortaria ou reduziria cerca de 18 mil tarifas entre países do Pacífico nas Américas, na Ásia e na Oceania, uma área que representa 40% da economia global. O acordo liderado pela China é menos ambicioso na redução de tarifas.

Ainda há dúvidas sobre os planos de Trump para o comércio. Durante a campanha, ele havia dito que pretendia renegociar outros acordos, como o Nafta. "Nós ainda não sabemos quão longe irá a administração Trump", disse Derek Scissors, pesquisador residente do American Enterprise Institute, com foco na China.

"O que preocupa é se isso se tornar um padrão de apenas prejudicar as relações comerciais, sem chegar a algo positivo", avaliou.

Fonte: Dow Jones Newswires.

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