Economia

China bate recorde de investimentos no exterior

O investimento estrangeiro direto, que também inclui o setor financeiro, aumentou em 18% em 2015, a um nível recorde de 145 bilhões de dólares


	Pneus: a China compra em todos os setores, do futebol até a indústria
 (Andreas Rentz/Getty Images)

Pneus: a China compra em todos os setores, do futebol até a indústria (Andreas Rentz/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2016 às 10h49.

A China investiu pela primeira vez em 2015 mais no exterior do que as companhias estrangeiras investiram no país, um recorde para a segunda maior economia mundial, que reflete o apetite das companhais chinesas e a vontade de Pequim de mudar seu modelo econômico.

O investimento estrangeiro direto, que também inclui o setor financeiro, aumentou em 18% em 2015, a um nível recorde de 145 bilhões de dólares, superando os 135,6 bilhões de dólares de investimentos estrangeiros na China.

"Este avanço histórico é o resultado da intensificação do poder nacional chinês e da estratégia de incentivar as companhias a comprar no exterior para estimular o crescimento", afirmou à imprensa Zhang Xiangchen, alto funcionário do ministério do Comércio.

"As companhias chinesas têm de recorrer aos recursos e aos mercados estrangeiros para se transformar e se modernizar", acrescentou.

Os dados foram publicados no relatório estatístico de 2015 sobre investimento chinês no exterior.

A compra no exterior é uma estratégia para fazer frente aos problemas do país, como o excesso de produção da indústria, a fragilidade da demanda e, principalmente, o freio no crescimento, que em 2015 foi o mais fraco dos últimos 25 anos.

Nos primeiros oito meses de 2016, as fusões e aquisições de companhias no exterior já representam 61,7 bilhões de dólares, frente aos 54,4 bilhões de 2015.

A China compra em todos os setores, do futebol (Inter de Milão, Atlético de Madri, Aston Villa, AC Milan) até a indústria. Foi o caso da empresa química de capital público ChemChina, que, em 2015, comprou o fabricante de pneus Pirelli por 7,4 bilhões de euros.

E este ano ofereceu 43 bilhões de dólares pela empresa química suíça Syngenta, uma operação ainda não concluída.

Por sua parte, a Haier comprou, em janeiro, o setor de eletrodomésticos da americana General Electric (GE) por 5,4 bilhões de dólares.

Falta de reciprocidade

As compras chinesas no exterior se concentram no setor das matérias-primas, e também em outros setores como o de videogames, transportes e farmácia.

Em 2015, a Fosun comprou a francesa Club Med e, em 2016, o grupo Wanda, que já era líder mundial de salas de cinema, e ficou com os estúdios cinematográficos Legendary.

Também são recentes a compra por parte da Kunlun Tech de uma participação majoritária no conhecido aplicativo Grindr (encontro entre homossexuais) ou a da companhia alemã de robôs industriais Kuka, cuja aquisição causou polêmica no país.

Os Estados Unidos e a União Europeia se queixam da falta de reciprocidade da China, onde muitos setores continuam fechados aos investimentos estrangeiros.

"Apesar de a Europa continuar sendo extremamente aberta, um europeu não se atreveria sequer a sonhar em comprar um aeroporto na China", afirmou recentemente o presidente da Câmara de Comércio União Europeia no país asiático, Joerg Wuttke, em referência à compra de um aeroporto em Toulouse (França) por parte de um consórcio chinês.

Em 2015, a China investiu 64,5 bilhões de dólares na Europa e 40,1 bilhões nos Estados Unidos.

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