Economia

China aperta cerco contra setor de tecnologia e bilionários

Novas regulamentações antitrust buscam reduzir a influência crescente de corporações como Alibaba e Tencent; ações despencam

Transmissão de fala do presidente Xi Jinping: plano para impulsionar crescimento nos próximos anos (Roy Liu/Bloomberg)

Transmissão de fala do presidente Xi Jinping: plano para impulsionar crescimento nos próximos anos (Roy Liu/Bloomberg)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 16h49.

O Partido Comunista do presidente da China, Xi Jinping, aperta o cerco contra algumas das empresas chinesas mais poderosas, o que preocupa investidores e atinge os empresários mais ricos do país.

Na terça-feira, o governo de Pequim anunciou regras para erradicar práticas monopolistas no setor de Internet, com o objetivo de reduzir a influência crescente de corporações como Alibaba e Tencent. As regras, que derrubaram as ações das duas empresas e provocaram uma onda vendedora nas bolsas chinesas, chegam cerca de uma semana depois de novas restrições impostas ao setor financeiro que levaram à suspensão da oferta pública inicial de US$ 35 bilhões da Ant Group.

Embora o governo de Xi tenha aumentado cada vez mais o controle sobre a segunda maior economia do mundo, até recentemente havia adotado uma abordagem relativamente distante em relação às empresas que dominam os dinâmicos setores de Internet, comércio eletrônico e finanças digitais da China. A preocupação das autoridades é que as empresas tenham se tornado muito poderosas, de acordo com Ma Chen, sócio da Han Kun Law Offices, em Pequim.

“Este é um momento decisivo”, disse Ma, que é especialista em questões antitruste.

Alibaba, Ant e Tencent sozinhas tinham valor de mercado combinado de quase US$ 2 trilhões antes da semana passada, ultrapassando facilmente gigantes estatais como o Bank of China como as empresas mais valiosas do país.

A onda vendedora na terça-feira fez com que as ações do Alibaba caíssem 5,1% em Hong Kong, para o menor valor desde 29 de setembro. Analistas estimam que o valuation de US$ 280 bilhões da Ant pode ser cortado pela metade devido a regulamentações mais rígidas. Ambas as empresas foram cofundadas pelo bilionário Jack Ma, o empresário mais famoso da China.

As ações da Tencent caíram 4,4% na terça-feira. A ascensão da gigante de jogos e pagamentos tornou o cofundador Pony Ma o homem mais rico da China. A empresa foi o segundo maior contribuinte para a queda de 0,4% no índice Hang Seng China Enterprises. A Meituan, a startup de entrega de comida que agora também vende reservas de hotéis e entradas de cinema, registrou a maior baixa, de 10,5%. A empresa não quis comentar, enquanto representantes do Alibaba e da Tencent não responderam de imediato a perguntas.

 

O órgão antitruste da China busca feedback sobre uma série de regulamentações que estabelecem um marco para combater práticas anticompetitivas, como conluio no compartilhamento de dados confidenciais de consumidores e alianças que eliminam rivais menores e subsidiam serviços abaixo do custo para eliminar concorrentes.

Reguladores também podem exigir que operadoras da chamada entidade de interesse variável - um veículo através do qual praticamente todas as grandes empresas chinesas de Internet atraem investimentos estrangeiros e abrem capital no exterior - peçam aprovação operacional específica.

Acompanhe tudo sobre:AlibabaChinaTencent

Mais de Economia

Justiça proíbe financeiras de bloquearem celulares dados em garantia para empréstimos

Banco Central divulga incidente de segurança envolvendo dados cadastrais de chaves Pix

IPCA de abril desacelera e fica em 0,43%; inflação acumulada de 12 meses sobe para 5,53%

BC limita valores entre registradoras de recebíveis de cartões; veja o que muda