Economia

Chile se oferece como ponte entre Mercosul e Pacífico

O Chile está disposto a funcionar como ponte entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico para que a América Latina possa ter uma maior presença global


	Mercosul: "queremos ser uma ponte", diz representante chileno
 (Norberto Duarte/AFP)

Mercosul: "queremos ser uma ponte", diz representante chileno (Norberto Duarte/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2014 às 14h30.

São Paulo - O Chile está disposto a funcionar como uma "ponte" entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico para que a América Latina possa ter uma presença maior na comunidade internacional, garantiu nesta terça-feira o vice-chanceler chileno, Edgardo Riveros, em um colóquio em São Paulo.

"Queremos ser uma ponte entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul. É falsa a visão que as duas costas viram suas costas uma para a outra", disse Riveros em sua exposição no colóquio "Chile-Brasil: democracia, integração regional e desenvolvimento inclusivo", organizado em São Paulo pelo Instituto Lula.

O Chile é um membro associado ao Mercosul, que é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. Além disso, faz parte da Aliança do Pacífico junto com Colômbia, Peru e México.

Em seu discurso, o diplomata destacou a "liderança" do Brasil na região e defendeu que a integração sul-americana tenha um "olhar convergente para ser mais forte" no plano global no que diz respeito às metas de desenvolvimento da ONU para as próximas três décadas.

"Vemos que os blocos asiático e africano têm posturas conjuntas e poderosas", afirmou o vice-chanceler, que enalteceu os mecanismos de integração na América Latina como Unasul, Celac, Aliança do Pacífico e Mercosul.

Por sua vez, o assessor para Assuntos Internacionais da presidência brasileira, Marco Aurélio Garcia, disse que a região sul-americana teve avanços na última década no combate à desigualdade, mas com especificidades nos diferentes países.

Sobre o processo de integração regional, García afirmou que, desde o início do século XXI, as relações não são apenas comerciais para o Brasil.

"As relações regionais não estão mais fundamentadas em questões tarifárias. Há uma celebração ideológica do livre-comércio em alguns setores em um momento no qual o livre-comércio não tem o significado que é atribuído a ele", avaliou o acadêmico do Partido dos Trabalhadores (PT).

Marco Aurélio também lembrou que as relações entre Brasil e Chile têm uma base na história com o lançamento do ABC em 1915, o pacto Argentina-Brasil-Chile.

"Isso se repetiu nos anos de Juan Domingo Perón na Argentina, Getulio Vargas no Brasil e Carlos Ibáñez no Chile", opinou.

Nesse sentido, o assessor da presidência questionou a ideia de Riveros de que o Brasil deveria ser o líder da região, por seu peso econômico e político global.

García disse que o Brasil prefere o conceito de "liderança hegemônica coletiva", usado pelo Barão do Rio Branco, o patrono da diplomacia brasileira, para se referir àquele que foi o embrião dos processos de integração no continente, o pacto ABC de 1915.

O colóquio Brasil-Chile foi organizado pelo Instituto dirigido pelo ex-presidente Lula com o apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso-Chile) e da Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila).

Entre os expositores também tiveram destaque Ángel Flisfisch, representando a Flacso, o reitor da Unila, José Sobrinho, o presidente da Fundação Chile 21, Carlos Ominami, e o embaixador do Chile em Brasília, Jaime Gazmuri.

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