Economia

Reunião anual de bancos centrais dos EUA começa entre riscos e pressões

Jackson Hole recebe nesta quinta-feira reunião anual de presidentes de bancos centrais dos Estados Unidos

Powell não fala em público desde o corte de juros decidido em 31 de julho pelo comitê monetário, o primeiro desde a crise financeira de 2008. (Joshua Roberts/Reuters)

Powell não fala em público desde o corte de juros decidido em 31 de julho pelo comitê monetário, o primeiro desde a crise financeira de 2008. (Joshua Roberts/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de agosto de 2019 às 10h56.

Última atualização em 22 de agosto de 2019 às 11h01.

A reunião anual de presidentes de bancos centrais nesta sexta-feira (22) em Jackson Hole, noroeste dos Estados Unidos, tratará dos desafios da política monetária, um tema atual, principalmente pela posição do Federal Reserve (Fed) americano, obrigado a manobrar entre os riscos de recessão e as pressões do presidente Donald Trump.

O presidente do Fed, Jerome Powell, discursará para economistas e seus colegas dos demais países reunidos no renomado complexo de montanhas do Wyoming.

Tanto os mercados quanto Trump estarão atentos ao encontro e analisarão palavra por palavra do que for dito.

Powell não fala em público desde o corte de juros decidido em 31 de julho pelo comitê monetário, o primeiro desde a crise financeira de 2008.

Durante a reunião monetária, cuja ata foi publicada na quarta-feira, o Banco Central dos Estados Unidos estimou que o fraco crescimento global e as tensões comerciais poderão desacelerar a economia do país e que queria uma "garantia para o futuro".

No relatório de 15 páginas, o Fed menciona 44 vezes os "riscos" enfrentados pela economia, 32 vezes o "comércio" e 14 vezes as "incertezas", disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton.

Embora os participantes do mercado financeiro estejam convencidos de que o Fed baixará as taxas novamente na próxima reunião, em 17 e 18 de setembro, o comitê monetário da instituição indicou que quer manter suas "opções em aberto" na evolução das taxas.

"É importante manter várias opções para estabelecer o nível das taxas de juros federais", afirma o estudo. Especialmente porque "a natureza dos riscos e a falta de clareza em sua resolução reforçam a necessidade de que o Fed permaneça flexível e focado na informação econômica", diz ainda o relatório.

Mais clareza

Os investidores esperam que Powell dê alguma pista sobre o que o Federal Reserve pretende fazer.

"Esperamos ter mais clareza sobre os cortes de juros futuros quando Powell falar na sexta-feira, mas há poucos sinais de que o Fed queira resistir aos mercados", disse Michael Pearce, economista da Capital Economics, que prevê uma queda nas taxas de juros de um quarto de ponto percentual.

O Banco Central também lida com as pressões incessantes da Casa Branca para reduzir as taxas, entre 2% e 2,25%.

Trump exige quase diariamente que o Fed reduza as taxas em um ponto percentual. Na quarta-feira, voltou a pedir ao Federal Reserve que "acorde".

E comparou Jerome Powell a um jogador de golfe que "não possui dedos".

O presidente não esconde a vontade de baixar o preço do dólar, por meio de um corte nas taxas, para tornar os produtos americanos mais competitivos em meio a uma guerra tarifária.

Os membros do comitê monetário avaliam a queda nas taxas decididas pelo Fed em julho, a primeira em 11 anos, como "uma recalibração, um ajuste".

Powell havia dito depois dessa decisão, à qual dois membros do Fed se opuseram, que o Federal Reserve não se comprometeu, a priori, "com um longo ciclo de quedas".

Mas não excluiu que houvesse outras.

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