Moedas de real: um dos principais motivos para o corte na projeção do PIB do Brasil foi a decepção com os investimentos, segundo Cepal (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de abril de 2015 às 17h55.
São Paulo - A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) revisou sua projeção para a economia brasileira este ano de crescimento de 1,3% para retração de 0,9%.
Isso coloca o País na rabeira da região, com desempenho melhor apenas que a Venezuela, que deve ter contração de 3,5%.
A expansão deve ser liderada pelo Panamá, com crescimento de 6%. A estimativa é que o PIB do bloco tenha alta de apenas 1% este ano.
Carlos Mussi, diretor do escritório da Cepal no Brasil, afirma que um dos principais motivos para o corte na projeção do PIB do País foi a decepção com os investimentos.
"Nossa expectativa era de que logo nos primeiros meses de 2015 haveria uma retomada das economia brasileira, especialmente com a sinalização de incremento nos investimentos. Com o primeiro trimestre concluído, a performance da indústria e de vários setores continua em queda", afirma.
Mussi diz que o ajuste fiscal que vem sendo implementado pelo governo tem dois efeitos contrários. Segundo ele, inicialmente há um impacto contracionista sobre os fatores correntes, mas ao mesmo tempo haveria uma melhora nas expectativas, o que poderia incentivar os investimentos no médio prazo.
Ele diz ainda que sua expectativa é levemente melhor do que a média do mercado (na pesquisa Focus a projeção é de queda de 1,01% do PIB este ano) porque a Cepal espera um ajuste um pouco mais rápido das contas externas, em função da depreciação do real.
Segundo o organismo da ONU, a revisão nas projeções para a América Latina e Caribe reflete um panorama global caracterizado por uma dinâmica econômica menor ao que era esperado no final de 2014.
A Cepal diz que, com exceção dos Estados Unidos, as projeções de crescimento foram revisadas nos países industrializados, e as economias emergentes continuam desacelerando-se. A nível sub-regional, a Cepal projeta uma taxa de crescimento próxima a zero para a América do Sul, enquanto para a América Central e para o México alcançará 3,2% e para o Caribe, 1,9%.
"Ao menor crescimento da economia mundial soma-se uma maior volatilidade financeira internacional, produto de uma política monetária expansionista na Europa e no Japão, enquanto prevê-se um aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos. Por outro lado, o fim do chamado 'superciclo' do preço dos bens primários afeta negativamente vários países da região", diz a Cepal em relatório.
As projeções dos países exportadores de commodities foram as que tiveram maior queda, enquanto aqueles com maior ligação com os EUA e que se beneficiam da queda do preço do petróleo registram as melhores projeções.