Economia

Cenário para empresas será difícil em 2015, diz a Fitch

A demanda doméstica deve permanecer fraca à medida que a confiança das empresas e dos consumidores não deve se recuperar de forma significativa


	Fitch: investimentos que possam eliminar gargalos de logística serão cruciais, diz agência
 (Brendan McDermid/Reuters)

Fitch: investimentos que possam eliminar gargalos de logística serão cruciais, diz agência (Brendan McDermid/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2014 às 14h19.

São Paulo - A agência de classificação de riscos Fitch afirmou nesta segunda-feira, 27, que a reeleição da presidente Dilma Rousseff não muda a projeção de condições difíceis para empresas brasileiras em 2015.

"Os problemas sistêmicos, como a inflação e um sistema fiscal excessivamente complexo e ineficiente, vão continuar a prejudicar os fluxos de caixa das empresas", disse a agência.

A demanda doméstica deve permanecer fraca à medida que a confiança das empresas e dos consumidores não deve se recuperar de forma significativa.

"Esses desafios, além do enfraquecimento dos preços das commodities, deverá conduzir ao aumento da alavancagem das empresas e um viés em direção a ações negativas de rating durante 2015", disse.

Para a Fitch, investimentos que possam eliminar gargalos de logística serão cruciais para acelerar o crescimento econômico.

A agência afirmou que sinais claros de um nível reduzido de envolvimento estatal no setor privado durante o segundo mandato de Dilma devem ser importantes para melhorar a confiança das empresas e retomar os investimentos.

"Progresso contínuo em atrair capital privado para grandes projetos de infraestrutura será um componente crucial para restaurar a qualidade de crédito de empresas brasileiras para além de 2015", disse.

O modelo econômico impulsionado pelo crédito, visado pelo atual governo, está perdendo força, disse a agência, ao ressaltar as dívidas das famílias.

A Fitch também afirmou que o real provavelmente não vai se enfraquecer o suficiente em 2015 para melhorar a rentabilidade dos exportadores e agir como uma barreira de importação em setores desprotegidos.

"Os exportadores perderam competitividade contra seus pares globais durante a última década, devido à alta inflação, que elevou os custos".

"A valorização da moeda também aumentou as dificuldades. Empresas como a Vale, que tem uma vantagem competitiva a nível mundial devido ao alto teor de ferro de seu minério, e a Fibria, que é um produtor de baixo custo de celulose de mercado devido ao rápido crescimento das árvores de eucalipto, foram capazes de manter a sua posição de negócios forte. Em setores como siderurgia, os brasileiros já não têm uma presença forte e agora olham para o governo para limitar as importações através de tarifas".

Ações de rating

Durante 2015, quase 15% das 82 empresas avaliadas pela Fitch provavelmente enfrentarão uma ação de rating.

O viés deve ser fortemente negativo, disse a agência, ao acrescentar que rebaixamentos poderiam superar elevações em uma proporção de mais de 2 para 1.

"Empresas dos setores de energia elétrica, assim como aquelas na indústria de açúcar e etanol, são os mais vulneráveis a ações de rating negativas", disse.

Produtores de minério de ferro e celulose enfrentarão fracas condições do mercado externo devido ao excesso de oferta, mas não devem ser rebaixados, uma vez que suas posições de custos lhes permitem continuar a gerar fluxo de caixa positivo.

O setor de proteína se destaca como uma área que poderia ter mais ações de rating positivas do que negativas.

Os baixos preços dos grãos e demanda crescente por proteínas devem continuar em 2015. Os balanços devem se fortalecer devido ao forte desempenho operacional, afirmou.

Para a maioria das empresas o risco de rolagem é muito baixo em 2015 e os saldos de caixa permanecem elevados em relação às obrigações de dívida de curto prazo.

A CSN e a Petrobras são as únicas empresas com dívida estrangeira de mercados de capital com vencimento em 2015.

O cronograma de amortização da dívida estrangeira ganha intensidade durante 2016, quando títulos vencem para Camargo Correa, Ceagro, JBS, Marfrig, Oi, Petrobras, Sabesp e Vale.

Fluxos de caixa das empresas não deverão se expandir substancialmente devido ao crescimento lento das receitas, afirmou a agência.

Por isso, reduzir investimento operacional e controlar custos serão iniciativas corporativas importantes na ausência de receitas crescentes.

O controle de custos será crucial para evitar rebaixamentos de rating em 2015, uma vez que a inflação deverá se manter acima de 6% e desemprego deverá ficar em 5%, o que resulta em um mercado de trabalho restrito, afirmou.

"O racionamento de energia é um risco periférico que poderia acelerar o nível de ações de rating negativas", o que pode ser evitado se as chuvas retornarem aos níveis históricos entre novembro e abril.

O reabastecimento de reservatórios mais antigos deve levar de dois a três anos. Aqueles construídos na última década têm muito menos capacidade e poderiam encher mais rápido.

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