Economia

Cenário de médio prazo é de crescimento para o país, diz Mansueto

Economista participou de painel sobre perspectivas para a economia brasileira do BTG Invest Talks com Stefanie Birman, sócia e estrategista do banco

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual: perspectivas de médio prazo são boas (Adriano Machado/Reuters)

Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual: perspectivas de médio prazo são boas (Adriano Machado/Reuters)

CA

Carla Aranha

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 20h41.

Última atualização em 6 de outubro de 2021 às 05h58.

Embora o país deva enfrentar um cenário desafior de curto prazo, com a inflação próxima de 9% até o final do ano e uma desorganização das cadeias produtivas em função da pandemia -- com impactos no setor industrial -- as perspectivas de médio prazo são positivas, na visão de Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual.

"A agenda de concessões de infraestrutura está andando, com os leilões de portos, ferrovias e outros ativos, e o Brasil passou por reformas estruturais importantes nos últimos anos", afirmou Mansueto na noite desta terça, 5, no painel sobre o cenário econômico brasileiro do evento BTG Invest Talks. "Vejo vários setores com um ciclo de investimentos melhor nos próximos três ou quatro anos".

No curto prazo, o contexto de incerteza tem prejudicado a economia brasileira, segundo o economista. "Qual será o crescimento do gasto público em 2022? Corre-se o risco de ter um aumento de gasto que não é compatível com a regra fiscal", refletiu. "Isso trouxe mais incerteza para o preço dos ativos".

Na visão de Stefanie Birman, sócia e estrategista do BTG Pactual, que também participou do painel, o país deve registrar um segundo semestre positivo, com uma maior demanda por serviços em razão do avanço da vacinação e do arrefecimento da pandemia. O fantasma do racionamento de energia elétrica, por conta da crise hídrica, também está mais afastado com a perspectiva de chuvas nos próximos meses. 

Mas a alta da demanda global por petróleo e gás natural, com a retomada econômica, persiste como um fator de preocupação para a inflação no país, com a necessidade de maior acionamento das usinas termelétricas e a política de preços de combustíveis, que leva em conta a cotação internacional do insumo.

Com o barril do petróleo a 80 dólares, cotação que o insumo atingiu desde a semana passada, a inflação deve chegar a 9,2% no Brasil. "Caso chegue a 90 dólares, podemos ter uma inflação de 9,4%", afirmou a estrategista.

Juros futuros

O mercado, na visão de Mansueto, não teria dificuldade em aceitar um reajuste do Bolsa Família. "Se for só isso, tudo bem, o problema é que está posta também a renovação do auxílio emergencial e do vale-gás, e aí a conta pode não fechar", acredita.

A questão do pagamento dos precatórios, no entanto, continua gerando incerteza, assim como o respeito ao teto de gastos em 2022 -- e nos próximos anos. "O aumento da taxa de juros dos próximos três ou cinco anos pode ser uma sinalização de que há uma preocupação a respeito da continuidade do ajuste fiscal", disse Mansueto.

No médio prazo, o progresso da agenda de reformas também está no radar do investidor, assim como a política em relação aos gastos públicos. "Hoje, o que o empresário mais quer é ter certeza de que o país vai continuar com as reformas", afirmou.

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